
#Motivação
A confiança constrói-se, e a autora Roxie Nafousi explica-nos como podemos levá-la para o mundo corporativo
O seu novo livro defende que a autoestima é a base de tudo o que criamos na nossa vida. Como é que a baixa autoestima se manifesta num contexto corporativo e como podem os profissionais começar a transformá-la?
ROXIE NAFOUSI — A baixa autoestima num contexto corporativo esconde-se, muitas vezes, por detrás do excesso de trabalho, do perfeccionismo, da necessidade de agradar ou de uma procura constante de validação externa. Nota-se em colaboradores que nunca se sentem “suficientes”, mesmo quando atingem grandes resultados, ou em líderes que têm dificuldade em delegar porque ligam o seu valor ao seu desempenho. O primeiro passo para a mudança é a consciência. Reconhecer que a autoestima conduz o nosso comportamento. A partir daí, trata-se de separar quem somos daquilo que fazemos. A autoestima deve assentar no valor intrínseco, não no desempenho.

Muitas pessoas parecem bem-sucedidas por fora enquanto lutam, internamente, contra dúvidas ou contra a síndrome do impostor. Que sinais devem os líderes procurar (em si próprios ou nas suas equipas) de que é preciso reconstruir a confiança?
R.N. — Quando a confiança está em baixo, nota-se hesitação nas decisões, pedidos de desculpa excessivos, resistência a falar em reuniões ou desconforto ao receber elogios. A nível de equipa, pode ver-se na falta de tomada de riscos criativos ou em pessoas que duvidam constantemente de si próprias. Para líderes, manifesta-se através de controlo e microgestão, por medo de falhar ou de serem expostos. Quando estes comportamentos começam a surgir, é momento de criar um ambiente que celebre o progresso em vez da perfeição e que incentive segurança psicológica, onde as pessoas se sintam seguras para falhar, aprender e crescer.
A Roxie descreve a confiança como algo que se constrói, não algo com que se nasce. Que práticas diárias do seu livro considera mais eficazes em ambientes de elevada pressão?
R.N. — A confiança cresce com consistência. Em ambientes exigentes, pequenos hábitos intencionais fazem a maior diferença. Recomendo sempre três práticas diárias. A primeira diz respeito a dominarmos os nossos pensamentos: observar o diálogo interno e transformar a autocrítica em auto-orientação. A segunda prende-se com rituais diários para acalmar o sistema nervoso: mesmo os mais simples, como a respiração, tempo na natureza, ar fresco, que nos ajudam a sentir e a ter um desempenho melhor. Por fim, a terceira prática diária que considero essencial é a definição de limites. Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança.
Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança
Que tipos de limites faltam mais no contexto corporativo e como podem os profissionais defini-los sem prejudicar relações ou reputação?
R.N. — Os limites de tempo e emocionais são os que mais faltam: saber dizer não, saber desligar, não personalizar feedback. Essa definição de limites não precisa de ser baseada no confronto. Trata-se de comunicação clara e consistente. Por exemplo: “Respondo amanhã de manhã” ou “Posso ajudar quando terminar X.” Quando respeitamos os nossos próprios limites, os outros aprendem a respeitá-los também, e isso fortalece relações.
O mundo corporativo recompensa muitas vezes o perfeccionismo, mas o perfeccionismo é um dos maiores bloqueios à confiança, como referiu logo no início desta entrevista. Como podem indivíduos (e empresas) quebrar este ciclo?
R.N. — O perfeccionismo é medo disfarçado. Medo de falhar, de ser julgado, de não ser suficiente. Os indivíduos podem começar por adotar o que chamo de “progresso acima de perfeição”, focando-se no esforço, na aprendizagem e no crescimento, e não em resultados impecáveis. A nível organizacional, os líderes precisam de modelar a vulnerabilidade. Quando um líder admite erros ou pede ajuda, normaliza a imperfeição e cria espaço para que os outros façam o mesmo.

Como explica a Manifestação a pessoas que trabalham em ambientes tradicionalmente racionais, como finanças, tecnologia, consultoria, sem perder a profundidade emocional ou o poder transformador?
R.N. — A Manifestação não é magia. É mentalidade, ação e energia combinadas. No essencial, trata de clareza de visão, autoconfiança e comportamento alinhado. Quando retiramos a linguagem espiritual, torna-se totalmente pragmática. A neurociência mostra que, quando visualizamos um objetivo e agimos de forma consistente em direção a ele, reprogramamos o cérebro para identificar oportunidades alinhadas com essa visão. A profundidade emocional vem da autoconsciência: compreender porque queremos o que queremos, não apenas o que queremos.
No seu trabalho, a auto-sabotagem tem um papel central. Quais são as formas mais comuns de auto-sabotagem entre profissionais ambiciosos, e como podem interromper esses padrões?
R.N. — Procrastinação, burnout, discurso interno negativo e escolher conforto em vez de crescimento são formas frequentes de auto-sabotagem. Normalmente são impulsionadas pelo medo, já referido anteriormente. Medo de falhar, de ter sucesso ou de ser julgado. A chave para interromper estes padrões é a curiosidade, perguntar “De que medo é que este comportamento está a tentar proteger-me?”. Quando entendemos o medo, conseguimos fazer escolhas diferentes. A autoconsciência devolve-nos o poder.
Muitas pessoas definem metas profissionais baseadas no medo ou na expectativa, em vez do desejo genuíno. Como podem a Manifestação e a confiança, temas centrais dos seus livros, trabalhar juntas para ajudar alguém a escolher objetivos verdadeiramente alinhados?
R.N. — A Manifestação começa com autoconsciência. Quando conhecemos os nossos valores, pontos fortes e paixões, conseguimos definir objetivos que parecem autênticos, não performativos. Já a confiança, permite-nos perseguir esses objetivos sem desculpas, mesmo que contrariem expectativas externas. Juntas, criam alinhamento, uma vida que nos faz sentir bem, ao nosso próprio ritmo.

A confiança, muitas vezes, desaba quando enfrentamos rejeição ou falha. No mundo dos negócios, esses momentos são inevitáveis. Que ferramentas de reformulação recomenda para ajudar alguém a recuperar depressa e com compaixão?
R.N. — A rejeição nunca reflete o nosso valor, é redirecionamento. As pessoas confiantes veem a falha como feedback, não como prova de que não são boas o suficiente. A minha recomendação é parar antes de reagir, nomear a emoção, lembrar que é temporária e perguntar: “O que posso aprender com isto?”. A autocompaixão é a ponte entre falha e resiliência.
Visibilidade — falar, partilhar ideias, assumir liderança — é essencial para o crescimento na carreira, mas muitas pessoas sentem-se paralisadas por isso. Como podemos pôr em prática os passos do seu livro, Confiança, para ganhar conforto em ser visto?
R.N. — O primeiro passo é autoaceitação. Não podemos ser visíveis se ainda rejeitamos partes de nós. Quando construímos verdadeira autoestima, a visibilidade deixa de parecer exposição e passa a ser expressão. As pessoas podem praticar falando em pequenas situações: partilhar uma ideia, dar feedback, publicar a sua perspetiva online. Cada ação dessas fortalece o músculo da coragem.
Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta
Se um gestor quisesse integrar amanhã um princípio do seu novo livro na cultura da equipa, qual teria maior impacto?
R.N. — Seria “Celebrate Yourself”. Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta, a criatividade expande-se e a colaboração aprofunda-se. Uma cultura de reconhecimento, onde pequenas vitórias têm tanto valor quanto grandes conquistas, faz a equipa prosperar. Incentiva a celebração do que cada um alcança, e do que alcançam uns nos outros.
A ideia de levar a vida com intenção atravessa o seu trabalho. Como podemos trazer mais intenção para as decisões de carreira, especialmente quando alguém se sente estagnado, mal pago ou desvalorizado?
R.N. — A intenção começa com clareza. Em situações dessas, devemos dar um passo atrás e perguntar: “O que quero, realmente?”. Depois, alinhamos as nossas ações, energia e limites com essa resposta. Se nos sentimos desvalorizados, não devemos apressar-nos a sair. Devemos começar por valorizar-nos. Devemos defender o que merecemos, investir no nosso crescimento e fazer escolhas que nos aproximem de onde queremos estar, não apenas que nos afastem de onde estamos.

#Motivação
A confiança constrói-se, e a autora Roxie Nafousi explica-nos como podemos levá-la para o mundo corporativo
O seu novo livro defende que a autoestima é a base de tudo o que criamos na nossa vida. Como é que a baixa autoestima se manifesta num contexto corporativo e como podem os profissionais começar a transformá-la?
ROXIE NAFOUSI — A baixa autoestima num contexto corporativo esconde-se, muitas vezes, por detrás do excesso de trabalho, do perfeccionismo, da necessidade de agradar ou de uma procura constante de validação externa. Nota-se em colaboradores que nunca se sentem “suficientes”, mesmo quando atingem grandes resultados, ou em líderes que têm dificuldade em delegar porque ligam o seu valor ao seu desempenho. O primeiro passo para a mudança é a consciência. Reconhecer que a autoestima conduz o nosso comportamento. A partir daí, trata-se de separar quem somos daquilo que fazemos. A autoestima deve assentar no valor intrínseco, não no desempenho.

Muitas pessoas parecem bem-sucedidas por fora enquanto lutam, internamente, contra dúvidas ou contra a síndrome do impostor. Que sinais devem os líderes procurar (em si próprios ou nas suas equipas) de que é preciso reconstruir a confiança?
R.N. — Quando a confiança está em baixo, nota-se hesitação nas decisões, pedidos de desculpa excessivos, resistência a falar em reuniões ou desconforto ao receber elogios. A nível de equipa, pode ver-se na falta de tomada de riscos criativos ou em pessoas que duvidam constantemente de si próprias. Para líderes, manifesta-se através de controlo e microgestão, por medo de falhar ou de serem expostos. Quando estes comportamentos começam a surgir, é momento de criar um ambiente que celebre o progresso em vez da perfeição e que incentive segurança psicológica, onde as pessoas se sintam seguras para falhar, aprender e crescer.
A Roxie descreve a confiança como algo que se constrói, não algo com que se nasce. Que práticas diárias do seu livro considera mais eficazes em ambientes de elevada pressão?
R.N. — A confiança cresce com consistência. Em ambientes exigentes, pequenos hábitos intencionais fazem a maior diferença. Recomendo sempre três práticas diárias. A primeira diz respeito a dominarmos os nossos pensamentos: observar o diálogo interno e transformar a autocrítica em auto-orientação. A segunda prende-se com rituais diários para acalmar o sistema nervoso: mesmo os mais simples, como a respiração, tempo na natureza, ar fresco, que nos ajudam a sentir e a ter um desempenho melhor. Por fim, a terceira prática diária que considero essencial é a definição de limites. Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança.
Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança
Que tipos de limites faltam mais no contexto corporativo e como podem os profissionais defini-los sem prejudicar relações ou reputação?
R.N. — Os limites de tempo e emocionais são os que mais faltam: saber dizer não, saber desligar, não personalizar feedback. Essa definição de limites não precisa de ser baseada no confronto. Trata-se de comunicação clara e consistente. Por exemplo: “Respondo amanhã de manhã” ou “Posso ajudar quando terminar X.” Quando respeitamos os nossos próprios limites, os outros aprendem a respeitá-los também, e isso fortalece relações.
O mundo corporativo recompensa muitas vezes o perfeccionismo, mas o perfeccionismo é um dos maiores bloqueios à confiança, como referiu logo no início desta entrevista. Como podem indivíduos (e empresas) quebrar este ciclo?
R.N. — O perfeccionismo é medo disfarçado. Medo de falhar, de ser julgado, de não ser suficiente. Os indivíduos podem começar por adotar o que chamo de “progresso acima de perfeição”, focando-se no esforço, na aprendizagem e no crescimento, e não em resultados impecáveis. A nível organizacional, os líderes precisam de modelar a vulnerabilidade. Quando um líder admite erros ou pede ajuda, normaliza a imperfeição e cria espaço para que os outros façam o mesmo.

Como explica a Manifestação a pessoas que trabalham em ambientes tradicionalmente racionais, como finanças, tecnologia, consultoria, sem perder a profundidade emocional ou o poder transformador?
R.N. — A Manifestação não é magia. É mentalidade, ação e energia combinadas. No essencial, trata de clareza de visão, autoconfiança e comportamento alinhado. Quando retiramos a linguagem espiritual, torna-se totalmente pragmática. A neurociência mostra que, quando visualizamos um objetivo e agimos de forma consistente em direção a ele, reprogramamos o cérebro para identificar oportunidades alinhadas com essa visão. A profundidade emocional vem da autoconsciência: compreender porque queremos o que queremos, não apenas o que queremos.
No seu trabalho, a auto-sabotagem tem um papel central. Quais são as formas mais comuns de auto-sabotagem entre profissionais ambiciosos, e como podem interromper esses padrões?
R.N. — Procrastinação, burnout, discurso interno negativo e escolher conforto em vez de crescimento são formas frequentes de auto-sabotagem. Normalmente são impulsionadas pelo medo, já referido anteriormente. Medo de falhar, de ter sucesso ou de ser julgado. A chave para interromper estes padrões é a curiosidade, perguntar “De que medo é que este comportamento está a tentar proteger-me?”. Quando entendemos o medo, conseguimos fazer escolhas diferentes. A autoconsciência devolve-nos o poder.
Muitas pessoas definem metas profissionais baseadas no medo ou na expectativa, em vez do desejo genuíno. Como podem a Manifestação e a confiança, temas centrais dos seus livros, trabalhar juntas para ajudar alguém a escolher objetivos verdadeiramente alinhados?
R.N. — A Manifestação começa com autoconsciência. Quando conhecemos os nossos valores, pontos fortes e paixões, conseguimos definir objetivos que parecem autênticos, não performativos. Já a confiança, permite-nos perseguir esses objetivos sem desculpas, mesmo que contrariem expectativas externas. Juntas, criam alinhamento, uma vida que nos faz sentir bem, ao nosso próprio ritmo.

A confiança, muitas vezes, desaba quando enfrentamos rejeição ou falha. No mundo dos negócios, esses momentos são inevitáveis. Que ferramentas de reformulação recomenda para ajudar alguém a recuperar depressa e com compaixão?
R.N. — A rejeição nunca reflete o nosso valor, é redirecionamento. As pessoas confiantes veem a falha como feedback, não como prova de que não são boas o suficiente. A minha recomendação é parar antes de reagir, nomear a emoção, lembrar que é temporária e perguntar: “O que posso aprender com isto?”. A autocompaixão é a ponte entre falha e resiliência.
Visibilidade — falar, partilhar ideias, assumir liderança — é essencial para o crescimento na carreira, mas muitas pessoas sentem-se paralisadas por isso. Como podemos pôr em prática os passos do seu livro, Confiança, para ganhar conforto em ser visto?
R.N. — O primeiro passo é autoaceitação. Não podemos ser visíveis se ainda rejeitamos partes de nós. Quando construímos verdadeira autoestima, a visibilidade deixa de parecer exposição e passa a ser expressão. As pessoas podem praticar falando em pequenas situações: partilhar uma ideia, dar feedback, publicar a sua perspetiva online. Cada ação dessas fortalece o músculo da coragem.
Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta
Se um gestor quisesse integrar amanhã um princípio do seu novo livro na cultura da equipa, qual teria maior impacto?
R.N. — Seria “Celebrate Yourself”. Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta, a criatividade expande-se e a colaboração aprofunda-se. Uma cultura de reconhecimento, onde pequenas vitórias têm tanto valor quanto grandes conquistas, faz a equipa prosperar. Incentiva a celebração do que cada um alcança, e do que alcançam uns nos outros.
A ideia de levar a vida com intenção atravessa o seu trabalho. Como podemos trazer mais intenção para as decisões de carreira, especialmente quando alguém se sente estagnado, mal pago ou desvalorizado?
R.N. — A intenção começa com clareza. Em situações dessas, devemos dar um passo atrás e perguntar: “O que quero, realmente?”. Depois, alinhamos as nossas ações, energia e limites com essa resposta. Se nos sentimos desvalorizados, não devemos apressar-nos a sair. Devemos começar por valorizar-nos. Devemos defender o que merecemos, investir no nosso crescimento e fazer escolhas que nos aproximem de onde queremos estar, não apenas que nos afastem de onde estamos.

#Motivação
A confiança constrói-se, e a autora Roxie Nafousi explica-nos como podemos levá-la para o mundo corporativo
O seu novo livro defende que a autoestima é a base de tudo o que criamos na nossa vida. Como é que a baixa autoestima se manifesta num contexto corporativo e como podem os profissionais começar a transformá-la?
ROXIE NAFOUSI — A baixa autoestima num contexto corporativo esconde-se, muitas vezes, por detrás do excesso de trabalho, do perfeccionismo, da necessidade de agradar ou de uma procura constante de validação externa. Nota-se em colaboradores que nunca se sentem “suficientes”, mesmo quando atingem grandes resultados, ou em líderes que têm dificuldade em delegar porque ligam o seu valor ao seu desempenho. O primeiro passo para a mudança é a consciência. Reconhecer que a autoestima conduz o nosso comportamento. A partir daí, trata-se de separar quem somos daquilo que fazemos. A autoestima deve assentar no valor intrínseco, não no desempenho.

Muitas pessoas parecem bem-sucedidas por fora enquanto lutam, internamente, contra dúvidas ou contra a síndrome do impostor. Que sinais devem os líderes procurar (em si próprios ou nas suas equipas) de que é preciso reconstruir a confiança?
R.N. — Quando a confiança está em baixo, nota-se hesitação nas decisões, pedidos de desculpa excessivos, resistência a falar em reuniões ou desconforto ao receber elogios. A nível de equipa, pode ver-se na falta de tomada de riscos criativos ou em pessoas que duvidam constantemente de si próprias. Para líderes, manifesta-se através de controlo e microgestão, por medo de falhar ou de serem expostos. Quando estes comportamentos começam a surgir, é momento de criar um ambiente que celebre o progresso em vez da perfeição e que incentive segurança psicológica, onde as pessoas se sintam seguras para falhar, aprender e crescer.
A Roxie descreve a confiança como algo que se constrói, não algo com que se nasce. Que práticas diárias do seu livro considera mais eficazes em ambientes de elevada pressão?
R.N. — A confiança cresce com consistência. Em ambientes exigentes, pequenos hábitos intencionais fazem a maior diferença. Recomendo sempre três práticas diárias. A primeira diz respeito a dominarmos os nossos pensamentos: observar o diálogo interno e transformar a autocrítica em auto-orientação. A segunda prende-se com rituais diários para acalmar o sistema nervoso: mesmo os mais simples, como a respiração, tempo na natureza, ar fresco, que nos ajudam a sentir e a ter um desempenho melhor. Por fim, a terceira prática diária que considero essencial é a definição de limites. Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança.
Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança
Que tipos de limites faltam mais no contexto corporativo e como podem os profissionais defini-los sem prejudicar relações ou reputação?
R.N. — Os limites de tempo e emocionais são os que mais faltam: saber dizer não, saber desligar, não personalizar feedback. Essa definição de limites não precisa de ser baseada no confronto. Trata-se de comunicação clara e consistente. Por exemplo: “Respondo amanhã de manhã” ou “Posso ajudar quando terminar X.” Quando respeitamos os nossos próprios limites, os outros aprendem a respeitá-los também, e isso fortalece relações.
O mundo corporativo recompensa muitas vezes o perfeccionismo, mas o perfeccionismo é um dos maiores bloqueios à confiança, como referiu logo no início desta entrevista. Como podem indivíduos (e empresas) quebrar este ciclo?
R.N. — O perfeccionismo é medo disfarçado. Medo de falhar, de ser julgado, de não ser suficiente. Os indivíduos podem começar por adotar o que chamo de “progresso acima de perfeição”, focando-se no esforço, na aprendizagem e no crescimento, e não em resultados impecáveis. A nível organizacional, os líderes precisam de modelar a vulnerabilidade. Quando um líder admite erros ou pede ajuda, normaliza a imperfeição e cria espaço para que os outros façam o mesmo.

Como explica a Manifestação a pessoas que trabalham em ambientes tradicionalmente racionais, como finanças, tecnologia, consultoria, sem perder a profundidade emocional ou o poder transformador?
R.N. — A Manifestação não é magia. É mentalidade, ação e energia combinadas. No essencial, trata de clareza de visão, autoconfiança e comportamento alinhado. Quando retiramos a linguagem espiritual, torna-se totalmente pragmática. A neurociência mostra que, quando visualizamos um objetivo e agimos de forma consistente em direção a ele, reprogramamos o cérebro para identificar oportunidades alinhadas com essa visão. A profundidade emocional vem da autoconsciência: compreender porque queremos o que queremos, não apenas o que queremos.
No seu trabalho, a auto-sabotagem tem um papel central. Quais são as formas mais comuns de auto-sabotagem entre profissionais ambiciosos, e como podem interromper esses padrões?
R.N. — Procrastinação, burnout, discurso interno negativo e escolher conforto em vez de crescimento são formas frequentes de auto-sabotagem. Normalmente são impulsionadas pelo medo, já referido anteriormente. Medo de falhar, de ter sucesso ou de ser julgado. A chave para interromper estes padrões é a curiosidade, perguntar “De que medo é que este comportamento está a tentar proteger-me?”. Quando entendemos o medo, conseguimos fazer escolhas diferentes. A autoconsciência devolve-nos o poder.
Muitas pessoas definem metas profissionais baseadas no medo ou na expectativa, em vez do desejo genuíno. Como podem a Manifestação e a confiança, temas centrais dos seus livros, trabalhar juntas para ajudar alguém a escolher objetivos verdadeiramente alinhados?
R.N. — A Manifestação começa com autoconsciência. Quando conhecemos os nossos valores, pontos fortes e paixões, conseguimos definir objetivos que parecem autênticos, não performativos. Já a confiança, permite-nos perseguir esses objetivos sem desculpas, mesmo que contrariem expectativas externas. Juntas, criam alinhamento, uma vida que nos faz sentir bem, ao nosso próprio ritmo.

A confiança, muitas vezes, desaba quando enfrentamos rejeição ou falha. No mundo dos negócios, esses momentos são inevitáveis. Que ferramentas de reformulação recomenda para ajudar alguém a recuperar depressa e com compaixão?
R.N. — A rejeição nunca reflete o nosso valor, é redirecionamento. As pessoas confiantes veem a falha como feedback, não como prova de que não são boas o suficiente. A minha recomendação é parar antes de reagir, nomear a emoção, lembrar que é temporária e perguntar: “O que posso aprender com isto?”. A autocompaixão é a ponte entre falha e resiliência.
Visibilidade — falar, partilhar ideias, assumir liderança — é essencial para o crescimento na carreira, mas muitas pessoas sentem-se paralisadas por isso. Como podemos pôr em prática os passos do seu livro, Confiança, para ganhar conforto em ser visto?
R.N. — O primeiro passo é autoaceitação. Não podemos ser visíveis se ainda rejeitamos partes de nós. Quando construímos verdadeira autoestima, a visibilidade deixa de parecer exposição e passa a ser expressão. As pessoas podem praticar falando em pequenas situações: partilhar uma ideia, dar feedback, publicar a sua perspetiva online. Cada ação dessas fortalece o músculo da coragem.
Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta
Se um gestor quisesse integrar amanhã um princípio do seu novo livro na cultura da equipa, qual teria maior impacto?
R.N. — Seria “Celebrate Yourself”. Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta, a criatividade expande-se e a colaboração aprofunda-se. Uma cultura de reconhecimento, onde pequenas vitórias têm tanto valor quanto grandes conquistas, faz a equipa prosperar. Incentiva a celebração do que cada um alcança, e do que alcançam uns nos outros.
A ideia de levar a vida com intenção atravessa o seu trabalho. Como podemos trazer mais intenção para as decisões de carreira, especialmente quando alguém se sente estagnado, mal pago ou desvalorizado?
R.N. — A intenção começa com clareza. Em situações dessas, devemos dar um passo atrás e perguntar: “O que quero, realmente?”. Depois, alinhamos as nossas ações, energia e limites com essa resposta. Se nos sentimos desvalorizados, não devemos apressar-nos a sair. Devemos começar por valorizar-nos. Devemos defender o que merecemos, investir no nosso crescimento e fazer escolhas que nos aproximem de onde queremos estar, não apenas que nos afastem de onde estamos.

#Motivação
A confiança constrói-se, e a autora Roxie Nafousi explica-nos como podemos levá-la para o mundo corporativo
No seu mais recente livro, Roxie Nafousi desmonta a ideia de que a confiança é um traço fixo e mostra como, para profissionais e líderes, a autoestima influencia decisões, comportamentos, criatividade e até a cultura das equipas. Nesta entrevista ao MOTIVO, a autora desvenda: como lidar com a auto-sabotagem, transformar perfeccionismo, integrar limites saudáveis e usar a manifestação (de forma pragmática) para alinhar escolhas profissionais a objetivos autênticos.
O seu novo livro defende que a autoestima é a base de tudo o que criamos na nossa vida. Como é que a baixa autoestima se manifesta num contexto corporativo e como podem os profissionais começar a transformá-la?
ROXIE NAFOUSI — A baixa autoestima num contexto corporativo esconde-se, muitas vezes, por detrás do excesso de trabalho, do perfeccionismo, da necessidade de agradar ou de uma procura constante de validação externa. Nota-se em colaboradores que nunca se sentem “suficientes”, mesmo quando atingem grandes resultados, ou em líderes que têm dificuldade em delegar porque ligam o seu valor ao seu desempenho. O primeiro passo para a mudança é a consciência. Reconhecer que a autoestima conduz o nosso comportamento. A partir daí, trata-se de separar quem somos daquilo que fazemos. A autoestima deve assentar no valor intrínseco, não no desempenho.

Muitas pessoas parecem bem-sucedidas por fora enquanto lutam, internamente, contra dúvidas ou contra a síndrome do impostor. Que sinais devem os líderes procurar (em si próprios ou nas suas equipas) de que é preciso reconstruir a confiança?
R.N. — Quando a confiança está em baixo, nota-se hesitação nas decisões, pedidos de desculpa excessivos, resistência a falar em reuniões ou desconforto ao receber elogios. A nível de equipa, pode ver-se na falta de tomada de riscos criativos ou em pessoas que duvidam constantemente de si próprias. Para líderes, manifesta-se através de controlo e microgestão, por medo de falhar ou de serem expostos. Quando estes comportamentos começam a surgir, é momento de criar um ambiente que celebre o progresso em vez da perfeição e que incentive segurança psicológica, onde as pessoas se sintam seguras para falhar, aprender e crescer.
A Roxie descreve a confiança como algo que se constrói, não algo com que se nasce. Que práticas diárias do seu livro considera mais eficazes em ambientes de elevada pressão?
R.N. — A confiança cresce com consistência. Em ambientes exigentes, pequenos hábitos intencionais fazem a maior diferença. Recomendo sempre três práticas diárias. A primeira diz respeito a dominarmos os nossos pensamentos: observar o diálogo interno e transformar a autocrítica em auto-orientação. A segunda prende-se com rituais diários para acalmar o sistema nervoso: mesmo os mais simples, como a respiração, tempo na natureza, ar fresco, que nos ajudam a sentir e a ter um desempenho melhor. Por fim, a terceira prática diária que considero essencial é a definição de limites. Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança.
Sem limites, o burnout destrói sempre a confiança
Que tipos de limites faltam mais no contexto corporativo e como podem os profissionais defini-los sem prejudicar relações ou reputação?
R.N. — Os limites de tempo e emocionais são os que mais faltam: saber dizer não, saber desligar, não personalizar feedback. Essa definição de limites não precisa de ser baseada no confronto. Trata-se de comunicação clara e consistente. Por exemplo: “Respondo amanhã de manhã” ou “Posso ajudar quando terminar X.” Quando respeitamos os nossos próprios limites, os outros aprendem a respeitá-los também, e isso fortalece relações.
O mundo corporativo recompensa muitas vezes o perfeccionismo, mas o perfeccionismo é um dos maiores bloqueios à confiança, como referiu logo no início desta entrevista. Como podem indivíduos (e empresas) quebrar este ciclo?
R.N. — O perfeccionismo é medo disfarçado. Medo de falhar, de ser julgado, de não ser suficiente. Os indivíduos podem começar por adotar o que chamo de “progresso acima de perfeição”, focando-se no esforço, na aprendizagem e no crescimento, e não em resultados impecáveis. A nível organizacional, os líderes precisam de modelar a vulnerabilidade. Quando um líder admite erros ou pede ajuda, normaliza a imperfeição e cria espaço para que os outros façam o mesmo.

Como explica a Manifestação a pessoas que trabalham em ambientes tradicionalmente racionais, como finanças, tecnologia, consultoria, sem perder a profundidade emocional ou o poder transformador?
R.N. — A Manifestação não é magia. É mentalidade, ação e energia combinadas. No essencial, trata de clareza de visão, autoconfiança e comportamento alinhado. Quando retiramos a linguagem espiritual, torna-se totalmente pragmática. A neurociência mostra que, quando visualizamos um objetivo e agimos de forma consistente em direção a ele, reprogramamos o cérebro para identificar oportunidades alinhadas com essa visão. A profundidade emocional vem da autoconsciência: compreender porque queremos o que queremos, não apenas o que queremos.
No seu trabalho, a auto-sabotagem tem um papel central. Quais são as formas mais comuns de auto-sabotagem entre profissionais ambiciosos, e como podem interromper esses padrões?
R.N. — Procrastinação, burnout, discurso interno negativo e escolher conforto em vez de crescimento são formas frequentes de auto-sabotagem. Normalmente são impulsionadas pelo medo, já referido anteriormente. Medo de falhar, de ter sucesso ou de ser julgado. A chave para interromper estes padrões é a curiosidade, perguntar “De que medo é que este comportamento está a tentar proteger-me?”. Quando entendemos o medo, conseguimos fazer escolhas diferentes. A autoconsciência devolve-nos o poder.
Muitas pessoas definem metas profissionais baseadas no medo ou na expectativa, em vez do desejo genuíno. Como podem a Manifestação e a confiança, temas centrais dos seus livros, trabalhar juntas para ajudar alguém a escolher objetivos verdadeiramente alinhados?
R.N. — A Manifestação começa com autoconsciência. Quando conhecemos os nossos valores, pontos fortes e paixões, conseguimos definir objetivos que parecem autênticos, não performativos. Já a confiança, permite-nos perseguir esses objetivos sem desculpas, mesmo que contrariem expectativas externas. Juntas, criam alinhamento, uma vida que nos faz sentir bem, ao nosso próprio ritmo.

A confiança, muitas vezes, desaba quando enfrentamos rejeição ou falha. No mundo dos negócios, esses momentos são inevitáveis. Que ferramentas de reformulação recomenda para ajudar alguém a recuperar depressa e com compaixão?
R.N. — A rejeição nunca reflete o nosso valor, é redirecionamento. As pessoas confiantes veem a falha como feedback, não como prova de que não são boas o suficiente. A minha recomendação é parar antes de reagir, nomear a emoção, lembrar que é temporária e perguntar: “O que posso aprender com isto?”. A autocompaixão é a ponte entre falha e resiliência.
Visibilidade — falar, partilhar ideias, assumir liderança — é essencial para o crescimento na carreira, mas muitas pessoas sentem-se paralisadas por isso. Como podemos pôr em prática os passos do seu livro, Confiança, para ganhar conforto em ser visto?
R.N. — O primeiro passo é autoaceitação. Não podemos ser visíveis se ainda rejeitamos partes de nós. Quando construímos verdadeira autoestima, a visibilidade deixa de parecer exposição e passa a ser expressão. As pessoas podem praticar falando em pequenas situações: partilhar uma ideia, dar feedback, publicar a sua perspetiva online. Cada ação dessas fortalece o músculo da coragem.
Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta
Se um gestor quisesse integrar amanhã um princípio do seu novo livro na cultura da equipa, qual teria maior impacto?
R.N. — Seria “Celebrate Yourself”. Quando as pessoas se sentem vistas e apreciadas, a confiança aumenta, a criatividade expande-se e a colaboração aprofunda-se. Uma cultura de reconhecimento, onde pequenas vitórias têm tanto valor quanto grandes conquistas, faz a equipa prosperar. Incentiva a celebração do que cada um alcança, e do que alcançam uns nos outros.
A ideia de levar a vida com intenção atravessa o seu trabalho. Como podemos trazer mais intenção para as decisões de carreira, especialmente quando alguém se sente estagnado, mal pago ou desvalorizado?
R.N. — A intenção começa com clareza. Em situações dessas, devemos dar um passo atrás e perguntar: “O que quero, realmente?”. Depois, alinhamos as nossas ações, energia e limites com essa resposta. Se nos sentimos desvalorizados, não devemos apressar-nos a sair. Devemos começar por valorizar-nos. Devemos defender o que merecemos, investir no nosso crescimento e fazer escolhas que nos aproximem de onde queremos estar, não apenas que nos afastem de onde estamos.

