
#Motivação
Da banca à Herdade da Maceira: a história de uma mudança de vida construída com as próprias mãos
Durante anos, Gisela Cardoso e Tiago Soares viveram aquilo que descrevem como uma rotina exaustiva. Tinham dois filhos e uma vida cosmopolita. Ela, atualmente com 46 anos, chegou a ser gerente de três balcões em simultâneo, entre Gaia e Aveiro. Ele, agora com 44, chegou a estar emigrado durante quatro anos na África do Sul, sempre ligado à banca. Em 2017, vislumbraram uma oportunidade de negócio e isso aguçou-lhes o bichinho de criarem algo próprio. No espaço de ano e meio, abriram três pizzarias. “No fundo, trabalhávamos no banco de segunda a sexta, e nas pizzarias de terça a domingo”. Entretanto, surgiu a notícia de que a família ia aumentar.
Tinham três filhos, horários que se estendiam das oito da manhã às tantas da noite, e uma casa onde, recordam, o sofá quase não tinha uso porque “nunca havia tempo para lá estar”. A vida corria depressa e sem pausas até que, com o nascimento da filha mais nova, em plena pandemia, se tornou impossível ignorar o peso desse ritmo. Gisela lembra-se de prometer que não repetiria com a bebé o que tinha acontecido com os filhos mais velhos: deixá-los na escola de manhã cedo e ir buscá-los só à noite. Quando a rotina voltou ao trabalho presencial, percebeu que a promessa estava a desfazer-se e a pressão acumulada deu sinais mais sérios: um episódio de pré-AVC levou-a ao hospital e serviu como alerta definitivo. Foi o momento em que começaram a pensar em mudar de vida.

Tiago Soares tem 44 anos e Gisela Cardoso tem 46
Mas vamos voltar ao início
Até porque a mudança de vida desta família não seguiu um plano meticuloso.
Entre 2016 e 2017, quando Gisela e Tiago compraram uma casa para se mudarem com a família, no rés do chão, existia uma loja que, inicialmente, pensavam alugar, para obterem um rendimento. Depois de algumas contas e análises de mercado, optaram por tentar criar, eles próprios, um negócio. A ideia inicial era abrir um espaço de comida saudável que incluísse gabinete de nutrição, dirigido a adolescentes, até um amiga os desencorajar: seria demasiado exigente e pouco rentável. Sugeriu-lhes, em alternativa, o mundo das pizzarias, que, para ela, era um negócio de “grandes margens”. Nem Gisela nem Tiago eram particularmente apaixonados por pizza, mas as contas faziam sentido. No dia seguinte, pararam as obras e mudaram todo o plano. A 2 de dezembro de 2017, abriram a primeira pizzaria, em Gaia. Seis meses depois, abriram a segunda. Outros seis meses passaram até inaugurarem o terceiro espaço.
A experiência revelou-se marcante. Aprenderam a gerir equipas, a lidar com clientes e a contornar limitações com engenho. Fizeram tudo com as próprias mãos, dos balcões à decoração, das pinturas ao mobiliário, das compras ao recrutamento, da gestão à confecção das pizzas. O negócio cresceu, especialmente na pandemia, quando foram dos poucos estabelecimentos a manter portas abertas. “Até tivemos de contratar mais estafetas”, recordam, mas mesmo com o sucesso, a vida continuava intensa. Até que a decisão de procurarem uma vida mais calma começou, finalmente, a ganhar forma.
Quando o destino muda de direção
A busca por um novo começo levou-os a procurar terrenos a Norte, e é neste ponto da conversa que o casal revela uma componente espiritual, que havia estado “adormecida” durante anos. Queriam que o seu próximo passo no mundo dos negócios tivesse mais impacto, mais propósito, mais sentido. Encontraram uma quinta de cinco hectares que encaixava perfeitamente na imagem mental que tinham.
Ainda assim, algo não fluía. Alguma força, que Tiago descreve como intuição, pedia mais tempo. A revelação chegaria de forma inesperada: um e-mail de um site de imóveis com a fotografia de uma herdade em Odemira. Um vale e uma sensação imediata de pertença. “Vimos a fotografia e ficámos apaixonados”, resume Gisela. Tudo o resto é sonho e construção, sonho e realidade.
Numa semana, o casal viajou os 500 km, visitou o espaço e fechou o negócio. A decisão surpreendeu até os próprios. Não tinham raízes no Alentejo, família ou qualquer ligação à região. “Desde o primeiro dia em que cá entrámos, sentimos que era a nossa casa”.
Hoje, com alguma distância, há pormenores que gostam partilhar. Um dos mais curiosos prende-se com a geometria do terreno de Odemira ser praticamente igual à da quinta do Douro que estiveram quase a comprar. Além disso, nos dois terrenos existe uma estrada nacional que os atravessa e, num existia um rio, noutro, uma ribeira.
Em três meses, Gisela e Tiago mudaram-se com os filhos. Deixaram Gaia para trás e começaram uma vida nova, mais a sul.

Grande parte dos trabalhos de construção e decoração foram feitos por Gisela e Tiago
Construir com as próprias mãos
A casa do terreno que haviam comprado estava em ruínas, com árvores a crescer no interior. Construir a Maceira foi, literalmente, começar do zero. Durante meses, e depois de um contratempo com um empreiteiro, fizeram tudo eles próprios: estruturas de madeira, recuperação de espaços, pinturas, decoração. Sempre que podiam, investiam tempo para poupar dinheiro.
Desde o início, imaginaram ali um espaço de retiros, de acolhimento emocional e reconexão com a Natureza. Tinham consciência de que esse caminho exigiria tempo e recursos, por isso integraram também uma componente turística para garantir sustentabilidade financeira. Mesmo assim, o propósito era claro, desde o início: queriam um espaço de encontro, partilha, e porque não, um espaço de cura.
Em pouco tempo, as histórias começaram a chegar. Pessoas em burnout, depressão, luto. Um visitante que veio por uma semana e acabou por ficar cinco meses. Visitantes que chegavam pelo Booking para “um simples turismo” e acabavam a entrar numa jornada interior que não tinham previsto. “A Maceira tem uma energia muito intensa”, dizem. “Desperta conversas, caminhadas, reflexões”.

A Herdade da Maceira está localizada em Odemira, fica num vale rodeado por vegetação e é atravessado por uma ribeira
Os desafios invisíveis de mudar tudo
Em quatro anos, a Herdade foi ganhando forma. Começou pela casa da família. Estendeu-se para mais dois quartos. Depois mais três e, atualmente, são dez, disponíveis para aluguer turístico ou marcação de retiros.
Apesar da beleza do projeto, a mudança trouxe desafios profundos. A adaptação à vida rural foi emocionalmente exigente. “Estávamos habituados ao povo quente do Norte, onde um desconhecido se transforma em amigo em dois minutos”. No Alentejo, a socialização tornou-se mais lenta, distante, por vezes solitária. O supermercado mais próximo fica a dezenas de quilómetros e a comunidade precisa de tempo para abrir espaço para quem chega de fora.
Ainda assim, não há arrependimento. Quando recebem amigos que não visitam a Maceira há meses, percebem o impacto real do que construíram: “Ficam deslumbrados com aquilo que já fizemos e isso dá-nos alento”.
O balanço é feito de picos, altos e baixos, momentos de luz e momentos de dúvida, mas também de conquistas: uma vida transformada, um espaço que ganha forma e um propósito que se cumpre, mesmo quando não é possível em plenitude.
Para trás ficaram as lágrimas de solidão. “Uma coisa que nos custou muito nesta mudança de vida foi não termos contado com o apoio dos nossos pais. Eles não entenderam a mudança. Nós tínhamos uma vida muito confortável e abrimos mão de tudo. Vivemos aqui um ano sem água potável e apenas com um pequeno gerador”, recorda Gisela, emocionada. “Mesmo os amigos, não entenderam esta mudança. Atualmente, já percebem e reconhecem ter sido o melhor para nós”.

Gisela Cardoso está, aos poucos, a reaprender a viver com mais calma, mais tempo e mais sentido
A Herdade da Maceira hoje
Quatro anos depois, a Maceira continua a crescer com o mesmo espírito que a fundou: trabalho honesto, intuição e um profundo respeito pelo tempo. Tiago mantém o vínculo ao banco, mas talvez já com um pé no futuro que estão a construir. Gisela encontrou um caminho que responde ao que procurava: mais presença, mais equilíbrio, mais calma, tudo o que não teve nos 26 anos de trabalho na banca. Entretanto, especializou-se como Coach pela International Coaching Federation “com o intuito poder ajudar nos retiros” que organiza. Apesar dos desafios, o casal continua alinhado com a escolha feita. “Construímos isto a partir do zero”, dizem, orgulhosos. “E ver o que criámos em tão pouco tempo, dá-nos força”.
A Maceira não é apenas um lugar. É a prova de que mudar de vida implica coragem, mas também método, sacrifício e fé num caminho que se constrói passo a passo. Um espaço para quem procura reencontrar-se. E, sobretudo, a história de uma família que ousou imaginar outra forma de viver, e transformou essa visão em realidade.
(Clique no botão "Ver Galeria", abaixo, e veja mais fotos da Herdade da Maceira, incluindo o resultado de muitas das obras feitas por Gisela e Tiago)
Site da Herdade da Maceira: aqui
Instagram da Herdade da Maceira: aqui
Booking da Herdade da Maceira: aqui

#Motivação
Da banca à Herdade da Maceira: a história de uma mudança de vida construída com as próprias mãos
Durante anos, Gisela Cardoso e Tiago Soares viveram aquilo que descrevem como uma rotina exaustiva. Tinham dois filhos e uma vida cosmopolita. Ela, atualmente com 46 anos, chegou a ser gerente de três balcões em simultâneo, entre Gaia e Aveiro. Ele, agora com 44, chegou a estar emigrado durante quatro anos na África do Sul, sempre ligado à banca. Em 2017, vislumbraram uma oportunidade de negócio e isso aguçou-lhes o bichinho de criarem algo próprio. No espaço de ano e meio, abriram três pizzarias. “No fundo, trabalhávamos no banco de segunda a sexta, e nas pizzarias de terça a domingo”. Entretanto, surgiu a notícia de que a família ia aumentar.
Tinham três filhos, horários que se estendiam das oito da manhã às tantas da noite, e uma casa onde, recordam, o sofá quase não tinha uso porque “nunca havia tempo para lá estar”. A vida corria depressa e sem pausas até que, com o nascimento da filha mais nova, em plena pandemia, se tornou impossível ignorar o peso desse ritmo. Gisela lembra-se de prometer que não repetiria com a bebé o que tinha acontecido com os filhos mais velhos: deixá-los na escola de manhã cedo e ir buscá-los só à noite. Quando a rotina voltou ao trabalho presencial, percebeu que a promessa estava a desfazer-se e a pressão acumulada deu sinais mais sérios: um episódio de pré-AVC levou-a ao hospital e serviu como alerta definitivo. Foi o momento em que começaram a pensar em mudar de vida.

Tiago Soares tem 44 anos e Gisela Cardoso tem 46
Mas vamos voltar ao início
Até porque a mudança de vida desta família não seguiu um plano meticuloso.
Entre 2016 e 2017, quando Gisela e Tiago compraram uma casa para se mudarem com a família, no rés do chão, existia uma loja que, inicialmente, pensavam alugar, para obterem um rendimento. Depois de algumas contas e análises de mercado, optaram por tentar criar, eles próprios, um negócio. A ideia inicial era abrir um espaço de comida saudável que incluísse gabinete de nutrição, dirigido a adolescentes, até um amiga os desencorajar: seria demasiado exigente e pouco rentável. Sugeriu-lhes, em alternativa, o mundo das pizzarias, que, para ela, era um negócio de “grandes margens”. Nem Gisela nem Tiago eram particularmente apaixonados por pizza, mas as contas faziam sentido. No dia seguinte, pararam as obras e mudaram todo o plano. A 2 de dezembro de 2017, abriram a primeira pizzaria, em Gaia. Seis meses depois, abriram a segunda. Outros seis meses passaram até inaugurarem o terceiro espaço.
A experiência revelou-se marcante. Aprenderam a gerir equipas, a lidar com clientes e a contornar limitações com engenho. Fizeram tudo com as próprias mãos, dos balcões à decoração, das pinturas ao mobiliário, das compras ao recrutamento, da gestão à confecção das pizzas. O negócio cresceu, especialmente na pandemia, quando foram dos poucos estabelecimentos a manter portas abertas. “Até tivemos de contratar mais estafetas”, recordam, mas mesmo com o sucesso, a vida continuava intensa. Até que a decisão de procurarem uma vida mais calma começou, finalmente, a ganhar forma.
Quando o destino muda de direção
A busca por um novo começo levou-os a procurar terrenos a Norte, e é neste ponto da conversa que o casal revela uma componente espiritual, que havia estado “adormecida” durante anos. Queriam que o seu próximo passo no mundo dos negócios tivesse mais impacto, mais propósito, mais sentido. Encontraram uma quinta de cinco hectares que encaixava perfeitamente na imagem mental que tinham.
Ainda assim, algo não fluía. Alguma força, que Tiago descreve como intuição, pedia mais tempo. A revelação chegaria de forma inesperada: um e-mail de um site de imóveis com a fotografia de uma herdade em Odemira. Um vale e uma sensação imediata de pertença. “Vimos a fotografia e ficámos apaixonados”, resume Gisela. Tudo o resto é sonho e construção, sonho e realidade.
Numa semana, o casal viajou os 500 km, visitou o espaço e fechou o negócio. A decisão surpreendeu até os próprios. Não tinham raízes no Alentejo, família ou qualquer ligação à região. “Desde o primeiro dia em que cá entrámos, sentimos que era a nossa casa”.
Hoje, com alguma distância, há pormenores que gostam partilhar. Um dos mais curiosos prende-se com a geometria do terreno de Odemira ser praticamente igual à da quinta do Douro que estiveram quase a comprar. Além disso, nos dois terrenos existe uma estrada nacional que os atravessa e, num existia um rio, noutro, uma ribeira.
Em três meses, Gisela e Tiago mudaram-se com os filhos. Deixaram Gaia para trás e começaram uma vida nova, mais a sul.

Grande parte dos trabalhos de construção e decoração foram feitos por Gisela e Tiago
Construir com as próprias mãos
A casa do terreno que haviam comprado estava em ruínas, com árvores a crescer no interior. Construir a Maceira foi, literalmente, começar do zero. Durante meses, e depois de um contratempo com um empreiteiro, fizeram tudo eles próprios: estruturas de madeira, recuperação de espaços, pinturas, decoração. Sempre que podiam, investiam tempo para poupar dinheiro.
Desde o início, imaginaram ali um espaço de retiros, de acolhimento emocional e reconexão com a Natureza. Tinham consciência de que esse caminho exigiria tempo e recursos, por isso integraram também uma componente turística para garantir sustentabilidade financeira. Mesmo assim, o propósito era claro, desde o início: queriam um espaço de encontro, partilha, e porque não, um espaço de cura.
Em pouco tempo, as histórias começaram a chegar. Pessoas em burnout, depressão, luto. Um visitante que veio por uma semana e acabou por ficar cinco meses. Visitantes que chegavam pelo Booking para “um simples turismo” e acabavam a entrar numa jornada interior que não tinham previsto. “A Maceira tem uma energia muito intensa”, dizem. “Desperta conversas, caminhadas, reflexões”.

A Herdade da Maceira está localizada em Odemira, fica num vale rodeado por vegetação e é atravessado por uma ribeira
Os desafios invisíveis de mudar tudo
Em quatro anos, a Herdade foi ganhando forma. Começou pela casa da família. Estendeu-se para mais dois quartos. Depois mais três e, atualmente, são dez, disponíveis para aluguer turístico ou marcação de retiros.
Apesar da beleza do projeto, a mudança trouxe desafios profundos. A adaptação à vida rural foi emocionalmente exigente. “Estávamos habituados ao povo quente do Norte, onde um desconhecido se transforma em amigo em dois minutos”. No Alentejo, a socialização tornou-se mais lenta, distante, por vezes solitária. O supermercado mais próximo fica a dezenas de quilómetros e a comunidade precisa de tempo para abrir espaço para quem chega de fora.
Ainda assim, não há arrependimento. Quando recebem amigos que não visitam a Maceira há meses, percebem o impacto real do que construíram: “Ficam deslumbrados com aquilo que já fizemos e isso dá-nos alento”.
O balanço é feito de picos, altos e baixos, momentos de luz e momentos de dúvida, mas também de conquistas: uma vida transformada, um espaço que ganha forma e um propósito que se cumpre, mesmo quando não é possível em plenitude.
Para trás ficaram as lágrimas de solidão. “Uma coisa que nos custou muito nesta mudança de vida foi não termos contado com o apoio dos nossos pais. Eles não entenderam a mudança. Nós tínhamos uma vida muito confortável e abrimos mão de tudo. Vivemos aqui um ano sem água potável e apenas com um pequeno gerador”, recorda Gisela, emocionada. “Mesmo os amigos, não entenderam esta mudança. Atualmente, já percebem e reconhecem ter sido o melhor para nós”.

Gisela Cardoso está, aos poucos, a reaprender a viver com mais calma, mais tempo e mais sentido
A Herdade da Maceira hoje
Quatro anos depois, a Maceira continua a crescer com o mesmo espírito que a fundou: trabalho honesto, intuição e um profundo respeito pelo tempo. Tiago mantém o vínculo ao banco, mas talvez já com um pé no futuro que estão a construir. Gisela encontrou um caminho que responde ao que procurava: mais presença, mais equilíbrio, mais calma, tudo o que não teve nos 26 anos de trabalho na banca. Entretanto, especializou-se como Coach pela International Coaching Federation “com o intuito poder ajudar nos retiros” que organiza. Apesar dos desafios, o casal continua alinhado com a escolha feita. “Construímos isto a partir do zero”, dizem, orgulhosos. “E ver o que criámos em tão pouco tempo, dá-nos força”.
A Maceira não é apenas um lugar. É a prova de que mudar de vida implica coragem, mas também método, sacrifício e fé num caminho que se constrói passo a passo. Um espaço para quem procura reencontrar-se. E, sobretudo, a história de uma família que ousou imaginar outra forma de viver, e transformou essa visão em realidade.
(Clique no botão "Ver Galeria", abaixo, e veja mais fotos da Herdade da Maceira, incluindo o resultado de muitas das obras feitas por Gisela e Tiago)
Site da Herdade da Maceira: aqui
Instagram da Herdade da Maceira: aqui
Booking da Herdade da Maceira: aqui

#Motivação
Da banca à Herdade da Maceira: a história de uma mudança de vida construída com as próprias mãos
Durante anos, Gisela Cardoso e Tiago Soares viveram aquilo que descrevem como uma rotina exaustiva. Tinham dois filhos e uma vida cosmopolita. Ela, atualmente com 46 anos, chegou a ser gerente de três balcões em simultâneo, entre Gaia e Aveiro. Ele, agora com 44, chegou a estar emigrado durante quatro anos na África do Sul, sempre ligado à banca. Em 2017, vislumbraram uma oportunidade de negócio e isso aguçou-lhes o bichinho de criarem algo próprio. No espaço de ano e meio, abriram três pizzarias. “No fundo, trabalhávamos no banco de segunda a sexta, e nas pizzarias de terça a domingo”. Entretanto, surgiu a notícia de que a família ia aumentar.
Tinham três filhos, horários que se estendiam das oito da manhã às tantas da noite, e uma casa onde, recordam, o sofá quase não tinha uso porque “nunca havia tempo para lá estar”. A vida corria depressa e sem pausas até que, com o nascimento da filha mais nova, em plena pandemia, se tornou impossível ignorar o peso desse ritmo. Gisela lembra-se de prometer que não repetiria com a bebé o que tinha acontecido com os filhos mais velhos: deixá-los na escola de manhã cedo e ir buscá-los só à noite. Quando a rotina voltou ao trabalho presencial, percebeu que a promessa estava a desfazer-se e a pressão acumulada deu sinais mais sérios: um episódio de pré-AVC levou-a ao hospital e serviu como alerta definitivo. Foi o momento em que começaram a pensar em mudar de vida.

Tiago Soares tem 44 anos e Gisela Cardoso tem 46
Mas vamos voltar ao início
Até porque a mudança de vida desta família não seguiu um plano meticuloso.
Entre 2016 e 2017, quando Gisela e Tiago compraram uma casa para se mudarem com a família, no rés do chão, existia uma loja que, inicialmente, pensavam alugar, para obterem um rendimento. Depois de algumas contas e análises de mercado, optaram por tentar criar, eles próprios, um negócio. A ideia inicial era abrir um espaço de comida saudável que incluísse gabinete de nutrição, dirigido a adolescentes, até um amiga os desencorajar: seria demasiado exigente e pouco rentável. Sugeriu-lhes, em alternativa, o mundo das pizzarias, que, para ela, era um negócio de “grandes margens”. Nem Gisela nem Tiago eram particularmente apaixonados por pizza, mas as contas faziam sentido. No dia seguinte, pararam as obras e mudaram todo o plano. A 2 de dezembro de 2017, abriram a primeira pizzaria, em Gaia. Seis meses depois, abriram a segunda. Outros seis meses passaram até inaugurarem o terceiro espaço.
A experiência revelou-se marcante. Aprenderam a gerir equipas, a lidar com clientes e a contornar limitações com engenho. Fizeram tudo com as próprias mãos, dos balcões à decoração, das pinturas ao mobiliário, das compras ao recrutamento, da gestão à confecção das pizzas. O negócio cresceu, especialmente na pandemia, quando foram dos poucos estabelecimentos a manter portas abertas. “Até tivemos de contratar mais estafetas”, recordam, mas mesmo com o sucesso, a vida continuava intensa. Até que a decisão de procurarem uma vida mais calma começou, finalmente, a ganhar forma.
Quando o destino muda de direção
A busca por um novo começo levou-os a procurar terrenos a Norte, e é neste ponto da conversa que o casal revela uma componente espiritual, que havia estado “adormecida” durante anos. Queriam que o seu próximo passo no mundo dos negócios tivesse mais impacto, mais propósito, mais sentido. Encontraram uma quinta de cinco hectares que encaixava perfeitamente na imagem mental que tinham.
Ainda assim, algo não fluía. Alguma força, que Tiago descreve como intuição, pedia mais tempo. A revelação chegaria de forma inesperada: um e-mail de um site de imóveis com a fotografia de uma herdade em Odemira. Um vale e uma sensação imediata de pertença. “Vimos a fotografia e ficámos apaixonados”, resume Gisela. Tudo o resto é sonho e construção, sonho e realidade.
Numa semana, o casal viajou os 500 km, visitou o espaço e fechou o negócio. A decisão surpreendeu até os próprios. Não tinham raízes no Alentejo, família ou qualquer ligação à região. “Desde o primeiro dia em que cá entrámos, sentimos que era a nossa casa”.
Hoje, com alguma distância, há pormenores que gostam partilhar. Um dos mais curiosos prende-se com a geometria do terreno de Odemira ser praticamente igual à da quinta do Douro que estiveram quase a comprar. Além disso, nos dois terrenos existe uma estrada nacional que os atravessa e, num existia um rio, noutro, uma ribeira.
Em três meses, Gisela e Tiago mudaram-se com os filhos. Deixaram Gaia para trás e começaram uma vida nova, mais a sul.

Grande parte dos trabalhos de construção e decoração foram feitos por Gisela e Tiago
Construir com as próprias mãos
A casa do terreno que haviam comprado estava em ruínas, com árvores a crescer no interior. Construir a Maceira foi, literalmente, começar do zero. Durante meses, e depois de um contratempo com um empreiteiro, fizeram tudo eles próprios: estruturas de madeira, recuperação de espaços, pinturas, decoração. Sempre que podiam, investiam tempo para poupar dinheiro.
Desde o início, imaginaram ali um espaço de retiros, de acolhimento emocional e reconexão com a Natureza. Tinham consciência de que esse caminho exigiria tempo e recursos, por isso integraram também uma componente turística para garantir sustentabilidade financeira. Mesmo assim, o propósito era claro, desde o início: queriam um espaço de encontro, partilha, e porque não, um espaço de cura.
Em pouco tempo, as histórias começaram a chegar. Pessoas em burnout, depressão, luto. Um visitante que veio por uma semana e acabou por ficar cinco meses. Visitantes que chegavam pelo Booking para “um simples turismo” e acabavam a entrar numa jornada interior que não tinham previsto. “A Maceira tem uma energia muito intensa”, dizem. “Desperta conversas, caminhadas, reflexões”.

A Herdade da Maceira está localizada em Odemira, fica num vale rodeado por vegetação e é atravessado por uma ribeira
Os desafios invisíveis de mudar tudo
Em quatro anos, a Herdade foi ganhando forma. Começou pela casa da família. Estendeu-se para mais dois quartos. Depois mais três e, atualmente, são dez, disponíveis para aluguer turístico ou marcação de retiros.
Apesar da beleza do projeto, a mudança trouxe desafios profundos. A adaptação à vida rural foi emocionalmente exigente. “Estávamos habituados ao povo quente do Norte, onde um desconhecido se transforma em amigo em dois minutos”. No Alentejo, a socialização tornou-se mais lenta, distante, por vezes solitária. O supermercado mais próximo fica a dezenas de quilómetros e a comunidade precisa de tempo para abrir espaço para quem chega de fora.
Ainda assim, não há arrependimento. Quando recebem amigos que não visitam a Maceira há meses, percebem o impacto real do que construíram: “Ficam deslumbrados com aquilo que já fizemos e isso dá-nos alento”.
O balanço é feito de picos, altos e baixos, momentos de luz e momentos de dúvida, mas também de conquistas: uma vida transformada, um espaço que ganha forma e um propósito que se cumpre, mesmo quando não é possível em plenitude.
Para trás ficaram as lágrimas de solidão. “Uma coisa que nos custou muito nesta mudança de vida foi não termos contado com o apoio dos nossos pais. Eles não entenderam a mudança. Nós tínhamos uma vida muito confortável e abrimos mão de tudo. Vivemos aqui um ano sem água potável e apenas com um pequeno gerador”, recorda Gisela, emocionada. “Mesmo os amigos, não entenderam esta mudança. Atualmente, já percebem e reconhecem ter sido o melhor para nós”.

Gisela Cardoso está, aos poucos, a reaprender a viver com mais calma, mais tempo e mais sentido
A Herdade da Maceira hoje
Quatro anos depois, a Maceira continua a crescer com o mesmo espírito que a fundou: trabalho honesto, intuição e um profundo respeito pelo tempo. Tiago mantém o vínculo ao banco, mas talvez já com um pé no futuro que estão a construir. Gisela encontrou um caminho que responde ao que procurava: mais presença, mais equilíbrio, mais calma, tudo o que não teve nos 26 anos de trabalho na banca. Entretanto, especializou-se como Coach pela International Coaching Federation “com o intuito poder ajudar nos retiros” que organiza. Apesar dos desafios, o casal continua alinhado com a escolha feita. “Construímos isto a partir do zero”, dizem, orgulhosos. “E ver o que criámos em tão pouco tempo, dá-nos força”.
A Maceira não é apenas um lugar. É a prova de que mudar de vida implica coragem, mas também método, sacrifício e fé num caminho que se constrói passo a passo. Um espaço para quem procura reencontrar-se. E, sobretudo, a história de uma família que ousou imaginar outra forma de viver, e transformou essa visão em realidade.
(Clique no botão "Ver Galeria", abaixo, e veja mais fotos da Herdade da Maceira, incluindo o resultado de muitas das obras feitas por Gisela e Tiago)
Site da Herdade da Maceira: aqui
Instagram da Herdade da Maceira: aqui
Booking da Herdade da Maceira: aqui

#Motivação
Da banca à Herdade da Maceira: a história de uma mudança de vida construída com as próprias mãos
Gisela Cardoso deixou uma carreira de 26 anos na banca, em que chegou a ser gerente de três balcões. Em simultâneo, chegou a ter três pizzarias. Tudo isto com o marido, Tiago Soares, também bancário. Com a chegada da terceira filha e quando o mundo voltava aos eixos, pós-pandemia, surgiu o desejo de mudar de vida. Hoje, vivem a 500 km do sítio onde tudo começou. Esta é a sua história.
Durante anos, Gisela Cardoso e Tiago Soares viveram aquilo que descrevem como uma rotina exaustiva. Tinham dois filhos e uma vida cosmopolita. Ela, atualmente com 46 anos, chegou a ser gerente de três balcões em simultâneo, entre Gaia e Aveiro. Ele, agora com 44, chegou a estar emigrado durante quatro anos na África do Sul, sempre ligado à banca. Em 2017, vislumbraram uma oportunidade de negócio e isso aguçou-lhes o bichinho de criarem algo próprio. No espaço de ano e meio, abriram três pizzarias. “No fundo, trabalhávamos no banco de segunda a sexta, e nas pizzarias de terça a domingo”. Entretanto, surgiu a notícia de que a família ia aumentar.
Tinham três filhos, horários que se estendiam das oito da manhã às tantas da noite, e uma casa onde, recordam, o sofá quase não tinha uso porque “nunca havia tempo para lá estar”. A vida corria depressa e sem pausas até que, com o nascimento da filha mais nova, em plena pandemia, se tornou impossível ignorar o peso desse ritmo. Gisela lembra-se de prometer que não repetiria com a bebé o que tinha acontecido com os filhos mais velhos: deixá-los na escola de manhã cedo e ir buscá-los só à noite. Quando a rotina voltou ao trabalho presencial, percebeu que a promessa estava a desfazer-se e a pressão acumulada deu sinais mais sérios: um episódio de pré-AVC levou-a ao hospital e serviu como alerta definitivo. Foi o momento em que começaram a pensar em mudar de vida.

Tiago Soares tem 44 anos e Gisela Cardoso tem 46
Mas vamos voltar ao início
Até porque a mudança de vida desta família não seguiu um plano meticuloso.
Entre 2016 e 2017, quando Gisela e Tiago compraram uma casa para se mudarem com a família, no rés do chão, existia uma loja que, inicialmente, pensavam alugar, para obterem um rendimento. Depois de algumas contas e análises de mercado, optaram por tentar criar, eles próprios, um negócio. A ideia inicial era abrir um espaço de comida saudável que incluísse gabinete de nutrição, dirigido a adolescentes, até um amiga os desencorajar: seria demasiado exigente e pouco rentável. Sugeriu-lhes, em alternativa, o mundo das pizzarias, que, para ela, era um negócio de “grandes margens”. Nem Gisela nem Tiago eram particularmente apaixonados por pizza, mas as contas faziam sentido. No dia seguinte, pararam as obras e mudaram todo o plano. A 2 de dezembro de 2017, abriram a primeira pizzaria, em Gaia. Seis meses depois, abriram a segunda. Outros seis meses passaram até inaugurarem o terceiro espaço.
A experiência revelou-se marcante. Aprenderam a gerir equipas, a lidar com clientes e a contornar limitações com engenho. Fizeram tudo com as próprias mãos, dos balcões à decoração, das pinturas ao mobiliário, das compras ao recrutamento, da gestão à confecção das pizzas. O negócio cresceu, especialmente na pandemia, quando foram dos poucos estabelecimentos a manter portas abertas. “Até tivemos de contratar mais estafetas”, recordam, mas mesmo com o sucesso, a vida continuava intensa. Até que a decisão de procurarem uma vida mais calma começou, finalmente, a ganhar forma.
Quando o destino muda de direção
A busca por um novo começo levou-os a procurar terrenos a Norte, e é neste ponto da conversa que o casal revela uma componente espiritual, que havia estado “adormecida” durante anos. Queriam que o seu próximo passo no mundo dos negócios tivesse mais impacto, mais propósito, mais sentido. Encontraram uma quinta de cinco hectares que encaixava perfeitamente na imagem mental que tinham.
Ainda assim, algo não fluía. Alguma força, que Tiago descreve como intuição, pedia mais tempo. A revelação chegaria de forma inesperada: um e-mail de um site de imóveis com a fotografia de uma herdade em Odemira. Um vale e uma sensação imediata de pertença. “Vimos a fotografia e ficámos apaixonados”, resume Gisela. Tudo o resto é sonho e construção, sonho e realidade.
Numa semana, o casal viajou os 500 km, visitou o espaço e fechou o negócio. A decisão surpreendeu até os próprios. Não tinham raízes no Alentejo, família ou qualquer ligação à região. “Desde o primeiro dia em que cá entrámos, sentimos que era a nossa casa”.
Hoje, com alguma distância, há pormenores que gostam partilhar. Um dos mais curiosos prende-se com a geometria do terreno de Odemira ser praticamente igual à da quinta do Douro que estiveram quase a comprar. Além disso, nos dois terrenos existe uma estrada nacional que os atravessa e, num existia um rio, noutro, uma ribeira.
Em três meses, Gisela e Tiago mudaram-se com os filhos. Deixaram Gaia para trás e começaram uma vida nova, mais a sul.

Grande parte dos trabalhos de construção e decoração foram feitos por Gisela e Tiago
Construir com as próprias mãos
A casa do terreno que haviam comprado estava em ruínas, com árvores a crescer no interior. Construir a Maceira foi, literalmente, começar do zero. Durante meses, e depois de um contratempo com um empreiteiro, fizeram tudo eles próprios: estruturas de madeira, recuperação de espaços, pinturas, decoração. Sempre que podiam, investiam tempo para poupar dinheiro.
Desde o início, imaginaram ali um espaço de retiros, de acolhimento emocional e reconexão com a Natureza. Tinham consciência de que esse caminho exigiria tempo e recursos, por isso integraram também uma componente turística para garantir sustentabilidade financeira. Mesmo assim, o propósito era claro, desde o início: queriam um espaço de encontro, partilha, e porque não, um espaço de cura.
Em pouco tempo, as histórias começaram a chegar. Pessoas em burnout, depressão, luto. Um visitante que veio por uma semana e acabou por ficar cinco meses. Visitantes que chegavam pelo Booking para “um simples turismo” e acabavam a entrar numa jornada interior que não tinham previsto. “A Maceira tem uma energia muito intensa”, dizem. “Desperta conversas, caminhadas, reflexões”.

A Herdade da Maceira está localizada em Odemira, fica num vale rodeado por vegetação e é atravessado por uma ribeira
Os desafios invisíveis de mudar tudo
Em quatro anos, a Herdade foi ganhando forma. Começou pela casa da família. Estendeu-se para mais dois quartos. Depois mais três e, atualmente, são dez, disponíveis para aluguer turístico ou marcação de retiros.
Apesar da beleza do projeto, a mudança trouxe desafios profundos. A adaptação à vida rural foi emocionalmente exigente. “Estávamos habituados ao povo quente do Norte, onde um desconhecido se transforma em amigo em dois minutos”. No Alentejo, a socialização tornou-se mais lenta, distante, por vezes solitária. O supermercado mais próximo fica a dezenas de quilómetros e a comunidade precisa de tempo para abrir espaço para quem chega de fora.
Ainda assim, não há arrependimento. Quando recebem amigos que não visitam a Maceira há meses, percebem o impacto real do que construíram: “Ficam deslumbrados com aquilo que já fizemos e isso dá-nos alento”.
O balanço é feito de picos, altos e baixos, momentos de luz e momentos de dúvida, mas também de conquistas: uma vida transformada, um espaço que ganha forma e um propósito que se cumpre, mesmo quando não é possível em plenitude.
Para trás ficaram as lágrimas de solidão. “Uma coisa que nos custou muito nesta mudança de vida foi não termos contado com o apoio dos nossos pais. Eles não entenderam a mudança. Nós tínhamos uma vida muito confortável e abrimos mão de tudo. Vivemos aqui um ano sem água potável e apenas com um pequeno gerador”, recorda Gisela, emocionada. “Mesmo os amigos, não entenderam esta mudança. Atualmente, já percebem e reconhecem ter sido o melhor para nós”.

Gisela Cardoso está, aos poucos, a reaprender a viver com mais calma, mais tempo e mais sentido
A Herdade da Maceira hoje
Quatro anos depois, a Maceira continua a crescer com o mesmo espírito que a fundou: trabalho honesto, intuição e um profundo respeito pelo tempo. Tiago mantém o vínculo ao banco, mas talvez já com um pé no futuro que estão a construir. Gisela encontrou um caminho que responde ao que procurava: mais presença, mais equilíbrio, mais calma, tudo o que não teve nos 26 anos de trabalho na banca. Entretanto, especializou-se como Coach pela International Coaching Federation “com o intuito poder ajudar nos retiros” que organiza. Apesar dos desafios, o casal continua alinhado com a escolha feita. “Construímos isto a partir do zero”, dizem, orgulhosos. “E ver o que criámos em tão pouco tempo, dá-nos força”.
A Maceira não é apenas um lugar. É a prova de que mudar de vida implica coragem, mas também método, sacrifício e fé num caminho que se constrói passo a passo. Um espaço para quem procura reencontrar-se. E, sobretudo, a história de uma família que ousou imaginar outra forma de viver, e transformou essa visão em realidade.
(Clique no botão "Ver Galeria", abaixo, e veja mais fotos da Herdade da Maceira, incluindo o resultado de muitas das obras feitas por Gisela e Tiago)
Site da Herdade da Maceira: aqui
Instagram da Herdade da Maceira: aqui
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