#Protagonistas

AGÊNCIA DO MÊS: Companhia das Soluções

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9 de dez. de 2025, 13:00

A série de reportagens Agência do Mês parte do imaginário norte-americano do Employee of The Month para destacar o trabalho de uma agência portuguesa. Não é um ranking. Não é um prémio. É um mergulho mais demorado nas estruturas que se revelam essenciais a tantos negócios e que, quase sempre, permanecem na sombra. É o reconhecimento do MOTIVO ao trabalho que desenvolvem. E é mais uma oportunidade de dar a conhecer empresas que merecem.


Número 9, Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa. É aqui, num primeiro andar de janelas altas, que acontece o vaivém diário da Companhia das Soluções. À porta, caixas empilhadas denunciam dias de mudança, ou talvez uma constante adaptação. O burburinho de pessoas que entram e saem, carregando produtos, dossiers e cabos para um evento prestes a acontecer, compõem o cenário de uma manhã comum na agência.

Para a espera, um café oferecido por um dos colaboradores que passa apressado, mas ainda assim, atento. Em poucos minutos, chegam outras pessoas. Parceiros e representantes de marcas, talvez. Uns deixam produtos, outros levam material. O ambiente é de movimento permanente, um reflexo de uma empresa que cresceu num mercado onde nada fica igual durante muito tempo.

Nas paredes, fotografias de impressão instantânea registam quem por ali passa. Clientes, equipas, rostos conhecidos, amigos da casa. Uma espécie de memória viva da agência, que mistura afetos e trabalho como se fosse impossível separá-los.

Pouco depois, chega Sónia Pereira, vinda diretamente da casa-mãe, no Porto. Seguimos para uma pequena sala de reuniões, onde um aparador se ocupa de produtos das marcas que representam. Óculos de sol, embalagens de skincare, perfumes. Um lembrete silencioso da razão de ser da casa: comunicar marcas, mas sobretudo criar relações. 


Sónia Pereira fundou a Companhia das Soluções há 22 anos.


O começo de tudo

A história da Companhia das Soluções nasceu sem grande planeamento. Formada em Economia, Sónia Pereira, agora com 53 anos de idade, começou a carreira no departamento financeiro de uma distribuidora de perfumaria e cosmética, mas depressa percebeu não ser ali que queria estar. O acaso levou-a a candidatar-se ao cargo de Relações Públicas da mesma empresa e foi então que descobriu o que realmente a movia: trabalhar com pessoas e construir pontes.

Os meios de comunicação deram forma ao desafio. Perguntavam-lhe porque não criava uma agência no Porto, uma vez que não existia uma com aquele posicionamento. “Comecei a pensar e resolvi aventurar-me. Tinha os contactos, o know-how, porque não?”, questiona. Há 22 anos, nascia a Companhia das Soluções. A agência começou com a vantagem de manter como clientes as marcas da empresa onde trabalhava, o que lhe deu segurança para iniciar o projeto. O resto, no entanto, foi construído do zero, passo a passo e sempre com prudência. Sónia recorda que nunca deu passos maiores do que devia.

Os primeiros grandes desafios surgiram cedo, sendo o mais simbólico a chegada a Lisboa. “Senti necessidade de abrir um showroom, mas a empresa estava sediada no Norte e éramos só duas pessoas”. Na capital, procurou uma solução temporária dentro de outra agência. Mais tarde, já com uma maior carteira de clientes, chegaria o momento de dar o desejado passo para um espaço próprio.


O escritório é um espaço dinâmico, onde conflui criatividade e resultados.


Do Porto a Lisboa

Hoje, a Companhia das Soluções divide-se entre a capital e a cidade invicta, com uma equipa que ronda os 40 colaboradores. Cerca de 30 por cento trabalha em Lisboa, o restante no Norte. Sónia continua a viver no Porto, mas divide a semana pelas duas cidades. Garante que, por vezes, parece ter duas empresas dentro da mesma, e acredita que “a presença física nos dois grandes centros é uma das maiores mais-valias”. Aproxima marcas, facilita processos e responde às necessidades de clientes que valorizam o toque humano. Além disso, diz, “há uma comunidade crescente no Porto que beneficia desta proximidade”.

A coesão das equipas é mantida com reuniões semanais; encontros internos, ao longo do ano; e uma circulação constante entre escritórios. O espírito é relacional e próximo, tal como a líder gosta.


A equipa da Companhia das Soluções divide-se entre Lisboa e Porto, mas os cerca de 40 colaboradores trabalham sempre em conjunto.


Flexibilidade e o valor das pessoas

Para descrever a cultura interna, Sónia não hesita. “Transparência, proximidade e uma postura discreta. Gosto de fazer o meu trabalho atrás dos holofotes e espero o mesmo da equipa. Fazer sempre o melhor, sem conflitos e sem ostentação”. É essa a filosofia que tenta cultivar.

O facto de a equipa ser maioritariamente feminina surpreende muitos, mas a CEO garante que a gestão de cerca de 40 colaboradores — a maioria accounts, mas também departamentos financeiro, operações e criativo — não é tão complexa como se imagina quando existe confiança. Confiar, aliás, foi uma das aprendizagens mais difíceis na sua evolução enquanto líder. “Quando a empresa começou a crescer, passei por uma crise quando me apercebi de que tinha de delegar, porque não conseguia fazer tudo e chegar a todo o lado. Esse foi, também, um grande desafio. Depois, percebi que, quando acreditamos que temos as pessoas certas ao nosso lado, temos de, pelo menos, dar o benefício da dúvida. É muito importante confiar. Depois, se as coisas não correm bem temos de atuar, mas a confiança vem primeiro”. 

Delegar tarefas e aceitar que o trabalho não será feito exatamente como a própria faria foi um processo exigente, mas indispensável, sobretudo quando o número de marcas cresceu para cerca de 80 e se tornou humanamente impossível estar em tudo.


A morada de Lisboa tem um Showroom onde estão representadas as marcas que a agência trabalha.


Assessoria, showroom, criatividade e eventos

A Companhia das Soluções construiu o seu posicionamento nas áreas de beleza, moda e lifestyle, e, hoje, acompanha marcas de todos esses setores. A assessoria mediática e o marketing de influência continuam a ser o coração da agência, juntamente com o showroom, que funciona como ponto de contacto estratégico para jornalistas, criadores e parceiros.

Com o tempo, surgiram novas necessidades. O mercado passou a exigir propostas criativas completas logo nos pitches e isso levou à criação de um departamento criativo dedicado. A empresa conta também com uma equipa de eventos e outra de digital, ambas integradas nas dinâmicas diárias das marcas.

A tecnologia tem sido determinante, sobretudo no marketing de influência. “Hoje, nenhuma decisão é tomada apenas por intuição. As plataformas digitais permitem analisar dados, escolher talentos com base em métricas reais e reportar resultados detalhados. O reverso da medalha é o peso crescente na estrutura, porque são necessárias mais pessoas para acompanhar toda essa evolução”.



Como é o quotidiano dentro de uma agência?

Quando a pergunta surge, Sónia escolhe uma palavra: “Caos”. Mas um caos que funciona. “Não há dois dias iguais. Os planos mudam, as urgências surgem, os e-mails acumulam-se. As equipas gerem múltiplos clientes, cada um com expectativas e ritmos diferentes. A sensação é de que o dia não chega para tudo”, confessa.

O showroom em Lisboa acrescenta mais vida ao escritório. Influenciadores entram, jornalistas saem, equipas de marca visitam o espaço. Há sempre alguém a chegar e alguém a partir. Esse ambiente cria, inevitavelmente, um certo nível de ansiedade, admite, mas também traz dinamismo e energia. “É isso que torna o trabalho tão estimulante”.

Há três momentos particularmente desafiantes ao longo do ano. Março e abril, quando começam as grandes campanhas. Setembro, a rentrée oficial do setor. E o final do ano, marcado por reports, balanços e planeamentos.



Liderar com proximidade e exemplo

Sónia Pereira descreve-se como “uma líder próxima e relacional”. Gosta de saber como as pessoas estão, de dar o exemplo, de fazer parte do dia-a-dia do trabalho. Não acredita em posições intocáveis. Se for preciso limpar o chão, limpa. Essa forma de estar ajuda-a a criar um ambiente de confiança e colaboração.

A vida pessoal nunca foi simples de conciliar com a profissional. Com três filhos e dois escritórios separados por 350 quilómetros, Sónia assumiu, desde cedo, que o apoio familiar seria fundamental. Conseguiu-o com a ajuda da mãe e do marido, que hoje desempenha funções financeiras na empresa. Trabalharem juntos acabou por ser positivo, porque permite que ambos compreendam a natureza imprevisível do negócio.

A quem queira empreender na área da comunicação, deixa um conselho franco. “Arrisquem. Nos dias de hoje, quem pensa demasiado, não avança, porque os entraves são muitos, desde recursos humanos a questões fiscais. O segredo está em medir riscos, estudar o mercado, mas não ficar preso ao detalhe”.


O futuro em transformação

O setor está em constante evolução. O papel dos meios mudou, os influenciadores cresceram mas enfrentam desafios de credibilidade, e a inteligência artificial levanta novas questões. Ainda assim, Sónia mantém uma visão otimista: “Acredito que a tecnologia vai facilitar processos, análises e tarefas repetitivas. Mas também acho que a criatividade e a sensibilidade humana são insubstituíveis. As agências que conseguirem unir estes três mundos serão as que vão prosperar”.

Quanto à Companhia das Soluções, não tem ambição de se tornar uma megaestrutura. O objetivo é outro: “Continuar a ser consistente, próxima dos clientes, capaz de entregar o melhor trabalho possível e de manter o selo de referência conquistado ao longo de duas décadas”.

Quando deixo o primeiro andar do número 9 da Avenida Fontes Pereira de Melo, o movimento mantém-se. Caixas novas chegaram entretanto, pessoas entraram, outras saíram. A equipa continua a arrumar, a preparar, a comunicar. 

Percebo, então, que esta é talvez a melhor imagem da Companhia das Soluções. Um lugar em permanente construção, onde a pressa convive com o cuidado, a criatividade com os dados e a estratégia com a relação humana. Um caos organizado, movido por pessoas. E, no centro, uma líder que nunca deixou de acreditar nelas.

#Protagonistas

AGÊNCIA DO MÊS: Companhia das Soluções

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9 de dez. de 2025, 13:00

A série de reportagens Agência do Mês parte do imaginário norte-americano do Employee of The Month para destacar o trabalho de uma agência portuguesa. Não é um ranking. Não é um prémio. É um mergulho mais demorado nas estruturas que se revelam essenciais a tantos negócios e que, quase sempre, permanecem na sombra. É o reconhecimento do MOTIVO ao trabalho que desenvolvem. E é mais uma oportunidade de dar a conhecer empresas que merecem.


Número 9, Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa. É aqui, num primeiro andar de janelas altas, que acontece o vaivém diário da Companhia das Soluções. À porta, caixas empilhadas denunciam dias de mudança, ou talvez uma constante adaptação. O burburinho de pessoas que entram e saem, carregando produtos, dossiers e cabos para um evento prestes a acontecer, compõem o cenário de uma manhã comum na agência.

Para a espera, um café oferecido por um dos colaboradores que passa apressado, mas ainda assim, atento. Em poucos minutos, chegam outras pessoas. Parceiros e representantes de marcas, talvez. Uns deixam produtos, outros levam material. O ambiente é de movimento permanente, um reflexo de uma empresa que cresceu num mercado onde nada fica igual durante muito tempo.

Nas paredes, fotografias de impressão instantânea registam quem por ali passa. Clientes, equipas, rostos conhecidos, amigos da casa. Uma espécie de memória viva da agência, que mistura afetos e trabalho como se fosse impossível separá-los.

Pouco depois, chega Sónia Pereira, vinda diretamente da casa-mãe, no Porto. Seguimos para uma pequena sala de reuniões, onde um aparador se ocupa de produtos das marcas que representam. Óculos de sol, embalagens de skincare, perfumes. Um lembrete silencioso da razão de ser da casa: comunicar marcas, mas sobretudo criar relações. 


Sónia Pereira fundou a Companhia das Soluções há 22 anos.


O começo de tudo

A história da Companhia das Soluções nasceu sem grande planeamento. Formada em Economia, Sónia Pereira, agora com 53 anos de idade, começou a carreira no departamento financeiro de uma distribuidora de perfumaria e cosmética, mas depressa percebeu não ser ali que queria estar. O acaso levou-a a candidatar-se ao cargo de Relações Públicas da mesma empresa e foi então que descobriu o que realmente a movia: trabalhar com pessoas e construir pontes.

Os meios de comunicação deram forma ao desafio. Perguntavam-lhe porque não criava uma agência no Porto, uma vez que não existia uma com aquele posicionamento. “Comecei a pensar e resolvi aventurar-me. Tinha os contactos, o know-how, porque não?”, questiona. Há 22 anos, nascia a Companhia das Soluções. A agência começou com a vantagem de manter como clientes as marcas da empresa onde trabalhava, o que lhe deu segurança para iniciar o projeto. O resto, no entanto, foi construído do zero, passo a passo e sempre com prudência. Sónia recorda que nunca deu passos maiores do que devia.

Os primeiros grandes desafios surgiram cedo, sendo o mais simbólico a chegada a Lisboa. “Senti necessidade de abrir um showroom, mas a empresa estava sediada no Norte e éramos só duas pessoas”. Na capital, procurou uma solução temporária dentro de outra agência. Mais tarde, já com uma maior carteira de clientes, chegaria o momento de dar o desejado passo para um espaço próprio.


O escritório é um espaço dinâmico, onde conflui criatividade e resultados.


Do Porto a Lisboa

Hoje, a Companhia das Soluções divide-se entre a capital e a cidade invicta, com uma equipa que ronda os 40 colaboradores. Cerca de 30 por cento trabalha em Lisboa, o restante no Norte. Sónia continua a viver no Porto, mas divide a semana pelas duas cidades. Garante que, por vezes, parece ter duas empresas dentro da mesma, e acredita que “a presença física nos dois grandes centros é uma das maiores mais-valias”. Aproxima marcas, facilita processos e responde às necessidades de clientes que valorizam o toque humano. Além disso, diz, “há uma comunidade crescente no Porto que beneficia desta proximidade”.

A coesão das equipas é mantida com reuniões semanais; encontros internos, ao longo do ano; e uma circulação constante entre escritórios. O espírito é relacional e próximo, tal como a líder gosta.


A equipa da Companhia das Soluções divide-se entre Lisboa e Porto, mas os cerca de 40 colaboradores trabalham sempre em conjunto.


Flexibilidade e o valor das pessoas

Para descrever a cultura interna, Sónia não hesita. “Transparência, proximidade e uma postura discreta. Gosto de fazer o meu trabalho atrás dos holofotes e espero o mesmo da equipa. Fazer sempre o melhor, sem conflitos e sem ostentação”. É essa a filosofia que tenta cultivar.

O facto de a equipa ser maioritariamente feminina surpreende muitos, mas a CEO garante que a gestão de cerca de 40 colaboradores — a maioria accounts, mas também departamentos financeiro, operações e criativo — não é tão complexa como se imagina quando existe confiança. Confiar, aliás, foi uma das aprendizagens mais difíceis na sua evolução enquanto líder. “Quando a empresa começou a crescer, passei por uma crise quando me apercebi de que tinha de delegar, porque não conseguia fazer tudo e chegar a todo o lado. Esse foi, também, um grande desafio. Depois, percebi que, quando acreditamos que temos as pessoas certas ao nosso lado, temos de, pelo menos, dar o benefício da dúvida. É muito importante confiar. Depois, se as coisas não correm bem temos de atuar, mas a confiança vem primeiro”. 

Delegar tarefas e aceitar que o trabalho não será feito exatamente como a própria faria foi um processo exigente, mas indispensável, sobretudo quando o número de marcas cresceu para cerca de 80 e se tornou humanamente impossível estar em tudo.


A morada de Lisboa tem um Showroom onde estão representadas as marcas que a agência trabalha.


Assessoria, showroom, criatividade e eventos

A Companhia das Soluções construiu o seu posicionamento nas áreas de beleza, moda e lifestyle, e, hoje, acompanha marcas de todos esses setores. A assessoria mediática e o marketing de influência continuam a ser o coração da agência, juntamente com o showroom, que funciona como ponto de contacto estratégico para jornalistas, criadores e parceiros.

Com o tempo, surgiram novas necessidades. O mercado passou a exigir propostas criativas completas logo nos pitches e isso levou à criação de um departamento criativo dedicado. A empresa conta também com uma equipa de eventos e outra de digital, ambas integradas nas dinâmicas diárias das marcas.

A tecnologia tem sido determinante, sobretudo no marketing de influência. “Hoje, nenhuma decisão é tomada apenas por intuição. As plataformas digitais permitem analisar dados, escolher talentos com base em métricas reais e reportar resultados detalhados. O reverso da medalha é o peso crescente na estrutura, porque são necessárias mais pessoas para acompanhar toda essa evolução”.



Como é o quotidiano dentro de uma agência?

Quando a pergunta surge, Sónia escolhe uma palavra: “Caos”. Mas um caos que funciona. “Não há dois dias iguais. Os planos mudam, as urgências surgem, os e-mails acumulam-se. As equipas gerem múltiplos clientes, cada um com expectativas e ritmos diferentes. A sensação é de que o dia não chega para tudo”, confessa.

O showroom em Lisboa acrescenta mais vida ao escritório. Influenciadores entram, jornalistas saem, equipas de marca visitam o espaço. Há sempre alguém a chegar e alguém a partir. Esse ambiente cria, inevitavelmente, um certo nível de ansiedade, admite, mas também traz dinamismo e energia. “É isso que torna o trabalho tão estimulante”.

Há três momentos particularmente desafiantes ao longo do ano. Março e abril, quando começam as grandes campanhas. Setembro, a rentrée oficial do setor. E o final do ano, marcado por reports, balanços e planeamentos.



Liderar com proximidade e exemplo

Sónia Pereira descreve-se como “uma líder próxima e relacional”. Gosta de saber como as pessoas estão, de dar o exemplo, de fazer parte do dia-a-dia do trabalho. Não acredita em posições intocáveis. Se for preciso limpar o chão, limpa. Essa forma de estar ajuda-a a criar um ambiente de confiança e colaboração.

A vida pessoal nunca foi simples de conciliar com a profissional. Com três filhos e dois escritórios separados por 350 quilómetros, Sónia assumiu, desde cedo, que o apoio familiar seria fundamental. Conseguiu-o com a ajuda da mãe e do marido, que hoje desempenha funções financeiras na empresa. Trabalharem juntos acabou por ser positivo, porque permite que ambos compreendam a natureza imprevisível do negócio.

A quem queira empreender na área da comunicação, deixa um conselho franco. “Arrisquem. Nos dias de hoje, quem pensa demasiado, não avança, porque os entraves são muitos, desde recursos humanos a questões fiscais. O segredo está em medir riscos, estudar o mercado, mas não ficar preso ao detalhe”.


O futuro em transformação

O setor está em constante evolução. O papel dos meios mudou, os influenciadores cresceram mas enfrentam desafios de credibilidade, e a inteligência artificial levanta novas questões. Ainda assim, Sónia mantém uma visão otimista: “Acredito que a tecnologia vai facilitar processos, análises e tarefas repetitivas. Mas também acho que a criatividade e a sensibilidade humana são insubstituíveis. As agências que conseguirem unir estes três mundos serão as que vão prosperar”.

Quanto à Companhia das Soluções, não tem ambição de se tornar uma megaestrutura. O objetivo é outro: “Continuar a ser consistente, próxima dos clientes, capaz de entregar o melhor trabalho possível e de manter o selo de referência conquistado ao longo de duas décadas”.

Quando deixo o primeiro andar do número 9 da Avenida Fontes Pereira de Melo, o movimento mantém-se. Caixas novas chegaram entretanto, pessoas entraram, outras saíram. A equipa continua a arrumar, a preparar, a comunicar. 

Percebo, então, que esta é talvez a melhor imagem da Companhia das Soluções. Um lugar em permanente construção, onde a pressa convive com o cuidado, a criatividade com os dados e a estratégia com a relação humana. Um caos organizado, movido por pessoas. E, no centro, uma líder que nunca deixou de acreditar nelas.

#Protagonistas

AGÊNCIA DO MÊS: Companhia das Soluções

|

9 de dez. de 2025, 13:00

A série de reportagens Agência do Mês parte do imaginário norte-americano do Employee of The Month para destacar o trabalho de uma agência portuguesa. Não é um ranking. Não é um prémio. É um mergulho mais demorado nas estruturas que se revelam essenciais a tantos negócios e que, quase sempre, permanecem na sombra. É o reconhecimento do MOTIVO ao trabalho que desenvolvem. E é mais uma oportunidade de dar a conhecer empresas que merecem.


Número 9, Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa. É aqui, num primeiro andar de janelas altas, que acontece o vaivém diário da Companhia das Soluções. À porta, caixas empilhadas denunciam dias de mudança, ou talvez uma constante adaptação. O burburinho de pessoas que entram e saem, carregando produtos, dossiers e cabos para um evento prestes a acontecer, compõem o cenário de uma manhã comum na agência.

Para a espera, um café oferecido por um dos colaboradores que passa apressado, mas ainda assim, atento. Em poucos minutos, chegam outras pessoas. Parceiros e representantes de marcas, talvez. Uns deixam produtos, outros levam material. O ambiente é de movimento permanente, um reflexo de uma empresa que cresceu num mercado onde nada fica igual durante muito tempo.

Nas paredes, fotografias de impressão instantânea registam quem por ali passa. Clientes, equipas, rostos conhecidos, amigos da casa. Uma espécie de memória viva da agência, que mistura afetos e trabalho como se fosse impossível separá-los.

Pouco depois, chega Sónia Pereira, vinda diretamente da casa-mãe, no Porto. Seguimos para uma pequena sala de reuniões, onde um aparador se ocupa de produtos das marcas que representam. Óculos de sol, embalagens de skincare, perfumes. Um lembrete silencioso da razão de ser da casa: comunicar marcas, mas sobretudo criar relações. 


Sónia Pereira fundou a Companhia das Soluções há 22 anos.


O começo de tudo

A história da Companhia das Soluções nasceu sem grande planeamento. Formada em Economia, Sónia Pereira, agora com 53 anos de idade, começou a carreira no departamento financeiro de uma distribuidora de perfumaria e cosmética, mas depressa percebeu não ser ali que queria estar. O acaso levou-a a candidatar-se ao cargo de Relações Públicas da mesma empresa e foi então que descobriu o que realmente a movia: trabalhar com pessoas e construir pontes.

Os meios de comunicação deram forma ao desafio. Perguntavam-lhe porque não criava uma agência no Porto, uma vez que não existia uma com aquele posicionamento. “Comecei a pensar e resolvi aventurar-me. Tinha os contactos, o know-how, porque não?”, questiona. Há 22 anos, nascia a Companhia das Soluções. A agência começou com a vantagem de manter como clientes as marcas da empresa onde trabalhava, o que lhe deu segurança para iniciar o projeto. O resto, no entanto, foi construído do zero, passo a passo e sempre com prudência. Sónia recorda que nunca deu passos maiores do que devia.

Os primeiros grandes desafios surgiram cedo, sendo o mais simbólico a chegada a Lisboa. “Senti necessidade de abrir um showroom, mas a empresa estava sediada no Norte e éramos só duas pessoas”. Na capital, procurou uma solução temporária dentro de outra agência. Mais tarde, já com uma maior carteira de clientes, chegaria o momento de dar o desejado passo para um espaço próprio.


O escritório é um espaço dinâmico, onde conflui criatividade e resultados.


Do Porto a Lisboa

Hoje, a Companhia das Soluções divide-se entre a capital e a cidade invicta, com uma equipa que ronda os 40 colaboradores. Cerca de 30 por cento trabalha em Lisboa, o restante no Norte. Sónia continua a viver no Porto, mas divide a semana pelas duas cidades. Garante que, por vezes, parece ter duas empresas dentro da mesma, e acredita que “a presença física nos dois grandes centros é uma das maiores mais-valias”. Aproxima marcas, facilita processos e responde às necessidades de clientes que valorizam o toque humano. Além disso, diz, “há uma comunidade crescente no Porto que beneficia desta proximidade”.

A coesão das equipas é mantida com reuniões semanais; encontros internos, ao longo do ano; e uma circulação constante entre escritórios. O espírito é relacional e próximo, tal como a líder gosta.


A equipa da Companhia das Soluções divide-se entre Lisboa e Porto, mas os cerca de 40 colaboradores trabalham sempre em conjunto.


Flexibilidade e o valor das pessoas

Para descrever a cultura interna, Sónia não hesita. “Transparência, proximidade e uma postura discreta. Gosto de fazer o meu trabalho atrás dos holofotes e espero o mesmo da equipa. Fazer sempre o melhor, sem conflitos e sem ostentação”. É essa a filosofia que tenta cultivar.

O facto de a equipa ser maioritariamente feminina surpreende muitos, mas a CEO garante que a gestão de cerca de 40 colaboradores — a maioria accounts, mas também departamentos financeiro, operações e criativo — não é tão complexa como se imagina quando existe confiança. Confiar, aliás, foi uma das aprendizagens mais difíceis na sua evolução enquanto líder. “Quando a empresa começou a crescer, passei por uma crise quando me apercebi de que tinha de delegar, porque não conseguia fazer tudo e chegar a todo o lado. Esse foi, também, um grande desafio. Depois, percebi que, quando acreditamos que temos as pessoas certas ao nosso lado, temos de, pelo menos, dar o benefício da dúvida. É muito importante confiar. Depois, se as coisas não correm bem temos de atuar, mas a confiança vem primeiro”. 

Delegar tarefas e aceitar que o trabalho não será feito exatamente como a própria faria foi um processo exigente, mas indispensável, sobretudo quando o número de marcas cresceu para cerca de 80 e se tornou humanamente impossível estar em tudo.


A morada de Lisboa tem um Showroom onde estão representadas as marcas que a agência trabalha.


Assessoria, showroom, criatividade e eventos

A Companhia das Soluções construiu o seu posicionamento nas áreas de beleza, moda e lifestyle, e, hoje, acompanha marcas de todos esses setores. A assessoria mediática e o marketing de influência continuam a ser o coração da agência, juntamente com o showroom, que funciona como ponto de contacto estratégico para jornalistas, criadores e parceiros.

Com o tempo, surgiram novas necessidades. O mercado passou a exigir propostas criativas completas logo nos pitches e isso levou à criação de um departamento criativo dedicado. A empresa conta também com uma equipa de eventos e outra de digital, ambas integradas nas dinâmicas diárias das marcas.

A tecnologia tem sido determinante, sobretudo no marketing de influência. “Hoje, nenhuma decisão é tomada apenas por intuição. As plataformas digitais permitem analisar dados, escolher talentos com base em métricas reais e reportar resultados detalhados. O reverso da medalha é o peso crescente na estrutura, porque são necessárias mais pessoas para acompanhar toda essa evolução”.



Como é o quotidiano dentro de uma agência?

Quando a pergunta surge, Sónia escolhe uma palavra: “Caos”. Mas um caos que funciona. “Não há dois dias iguais. Os planos mudam, as urgências surgem, os e-mails acumulam-se. As equipas gerem múltiplos clientes, cada um com expectativas e ritmos diferentes. A sensação é de que o dia não chega para tudo”, confessa.

O showroom em Lisboa acrescenta mais vida ao escritório. Influenciadores entram, jornalistas saem, equipas de marca visitam o espaço. Há sempre alguém a chegar e alguém a partir. Esse ambiente cria, inevitavelmente, um certo nível de ansiedade, admite, mas também traz dinamismo e energia. “É isso que torna o trabalho tão estimulante”.

Há três momentos particularmente desafiantes ao longo do ano. Março e abril, quando começam as grandes campanhas. Setembro, a rentrée oficial do setor. E o final do ano, marcado por reports, balanços e planeamentos.



Liderar com proximidade e exemplo

Sónia Pereira descreve-se como “uma líder próxima e relacional”. Gosta de saber como as pessoas estão, de dar o exemplo, de fazer parte do dia-a-dia do trabalho. Não acredita em posições intocáveis. Se for preciso limpar o chão, limpa. Essa forma de estar ajuda-a a criar um ambiente de confiança e colaboração.

A vida pessoal nunca foi simples de conciliar com a profissional. Com três filhos e dois escritórios separados por 350 quilómetros, Sónia assumiu, desde cedo, que o apoio familiar seria fundamental. Conseguiu-o com a ajuda da mãe e do marido, que hoje desempenha funções financeiras na empresa. Trabalharem juntos acabou por ser positivo, porque permite que ambos compreendam a natureza imprevisível do negócio.

A quem queira empreender na área da comunicação, deixa um conselho franco. “Arrisquem. Nos dias de hoje, quem pensa demasiado, não avança, porque os entraves são muitos, desde recursos humanos a questões fiscais. O segredo está em medir riscos, estudar o mercado, mas não ficar preso ao detalhe”.


O futuro em transformação

O setor está em constante evolução. O papel dos meios mudou, os influenciadores cresceram mas enfrentam desafios de credibilidade, e a inteligência artificial levanta novas questões. Ainda assim, Sónia mantém uma visão otimista: “Acredito que a tecnologia vai facilitar processos, análises e tarefas repetitivas. Mas também acho que a criatividade e a sensibilidade humana são insubstituíveis. As agências que conseguirem unir estes três mundos serão as que vão prosperar”.

Quanto à Companhia das Soluções, não tem ambição de se tornar uma megaestrutura. O objetivo é outro: “Continuar a ser consistente, próxima dos clientes, capaz de entregar o melhor trabalho possível e de manter o selo de referência conquistado ao longo de duas décadas”.

Quando deixo o primeiro andar do número 9 da Avenida Fontes Pereira de Melo, o movimento mantém-se. Caixas novas chegaram entretanto, pessoas entraram, outras saíram. A equipa continua a arrumar, a preparar, a comunicar. 

Percebo, então, que esta é talvez a melhor imagem da Companhia das Soluções. Um lugar em permanente construção, onde a pressa convive com o cuidado, a criatividade com os dados e a estratégia com a relação humana. Um caos organizado, movido por pessoas. E, no centro, uma líder que nunca deixou de acreditar nelas.

#Protagonistas

AGÊNCIA DO MÊS: Companhia das Soluções

Fomos conhecer a agência que trabalha mais de 80 marcas e conta mais de 20 anos de atividade, entre Lisboa e Porto. Fundada por Sónia Pereira, tem cerca de 40 colaboradores, a maioria mulheres. Nesta reportagem, revisitamos o passado com os olhos postos no futuro.

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9 de dez. de 2025, 13:00

A série de reportagens Agência do Mês parte do imaginário norte-americano do Employee of The Month para destacar o trabalho de uma agência portuguesa. Não é um ranking. Não é um prémio. É um mergulho mais demorado nas estruturas que se revelam essenciais a tantos negócios e que, quase sempre, permanecem na sombra. É o reconhecimento do MOTIVO ao trabalho que desenvolvem. E é mais uma oportunidade de dar a conhecer empresas que merecem.


Número 9, Avenida Fontes Pereira de Melo, Lisboa. É aqui, num primeiro andar de janelas altas, que acontece o vaivém diário da Companhia das Soluções. À porta, caixas empilhadas denunciam dias de mudança, ou talvez uma constante adaptação. O burburinho de pessoas que entram e saem, carregando produtos, dossiers e cabos para um evento prestes a acontecer, compõem o cenário de uma manhã comum na agência.

Para a espera, um café oferecido por um dos colaboradores que passa apressado, mas ainda assim, atento. Em poucos minutos, chegam outras pessoas. Parceiros e representantes de marcas, talvez. Uns deixam produtos, outros levam material. O ambiente é de movimento permanente, um reflexo de uma empresa que cresceu num mercado onde nada fica igual durante muito tempo.

Nas paredes, fotografias de impressão instantânea registam quem por ali passa. Clientes, equipas, rostos conhecidos, amigos da casa. Uma espécie de memória viva da agência, que mistura afetos e trabalho como se fosse impossível separá-los.

Pouco depois, chega Sónia Pereira, vinda diretamente da casa-mãe, no Porto. Seguimos para uma pequena sala de reuniões, onde um aparador se ocupa de produtos das marcas que representam. Óculos de sol, embalagens de skincare, perfumes. Um lembrete silencioso da razão de ser da casa: comunicar marcas, mas sobretudo criar relações. 


Sónia Pereira fundou a Companhia das Soluções há 22 anos.


O começo de tudo

A história da Companhia das Soluções nasceu sem grande planeamento. Formada em Economia, Sónia Pereira, agora com 53 anos de idade, começou a carreira no departamento financeiro de uma distribuidora de perfumaria e cosmética, mas depressa percebeu não ser ali que queria estar. O acaso levou-a a candidatar-se ao cargo de Relações Públicas da mesma empresa e foi então que descobriu o que realmente a movia: trabalhar com pessoas e construir pontes.

Os meios de comunicação deram forma ao desafio. Perguntavam-lhe porque não criava uma agência no Porto, uma vez que não existia uma com aquele posicionamento. “Comecei a pensar e resolvi aventurar-me. Tinha os contactos, o know-how, porque não?”, questiona. Há 22 anos, nascia a Companhia das Soluções. A agência começou com a vantagem de manter como clientes as marcas da empresa onde trabalhava, o que lhe deu segurança para iniciar o projeto. O resto, no entanto, foi construído do zero, passo a passo e sempre com prudência. Sónia recorda que nunca deu passos maiores do que devia.

Os primeiros grandes desafios surgiram cedo, sendo o mais simbólico a chegada a Lisboa. “Senti necessidade de abrir um showroom, mas a empresa estava sediada no Norte e éramos só duas pessoas”. Na capital, procurou uma solução temporária dentro de outra agência. Mais tarde, já com uma maior carteira de clientes, chegaria o momento de dar o desejado passo para um espaço próprio.


O escritório é um espaço dinâmico, onde conflui criatividade e resultados.


Do Porto a Lisboa

Hoje, a Companhia das Soluções divide-se entre a capital e a cidade invicta, com uma equipa que ronda os 40 colaboradores. Cerca de 30 por cento trabalha em Lisboa, o restante no Norte. Sónia continua a viver no Porto, mas divide a semana pelas duas cidades. Garante que, por vezes, parece ter duas empresas dentro da mesma, e acredita que “a presença física nos dois grandes centros é uma das maiores mais-valias”. Aproxima marcas, facilita processos e responde às necessidades de clientes que valorizam o toque humano. Além disso, diz, “há uma comunidade crescente no Porto que beneficia desta proximidade”.

A coesão das equipas é mantida com reuniões semanais; encontros internos, ao longo do ano; e uma circulação constante entre escritórios. O espírito é relacional e próximo, tal como a líder gosta.


A equipa da Companhia das Soluções divide-se entre Lisboa e Porto, mas os cerca de 40 colaboradores trabalham sempre em conjunto.


Flexibilidade e o valor das pessoas

Para descrever a cultura interna, Sónia não hesita. “Transparência, proximidade e uma postura discreta. Gosto de fazer o meu trabalho atrás dos holofotes e espero o mesmo da equipa. Fazer sempre o melhor, sem conflitos e sem ostentação”. É essa a filosofia que tenta cultivar.

O facto de a equipa ser maioritariamente feminina surpreende muitos, mas a CEO garante que a gestão de cerca de 40 colaboradores — a maioria accounts, mas também departamentos financeiro, operações e criativo — não é tão complexa como se imagina quando existe confiança. Confiar, aliás, foi uma das aprendizagens mais difíceis na sua evolução enquanto líder. “Quando a empresa começou a crescer, passei por uma crise quando me apercebi de que tinha de delegar, porque não conseguia fazer tudo e chegar a todo o lado. Esse foi, também, um grande desafio. Depois, percebi que, quando acreditamos que temos as pessoas certas ao nosso lado, temos de, pelo menos, dar o benefício da dúvida. É muito importante confiar. Depois, se as coisas não correm bem temos de atuar, mas a confiança vem primeiro”. 

Delegar tarefas e aceitar que o trabalho não será feito exatamente como a própria faria foi um processo exigente, mas indispensável, sobretudo quando o número de marcas cresceu para cerca de 80 e se tornou humanamente impossível estar em tudo.


A morada de Lisboa tem um Showroom onde estão representadas as marcas que a agência trabalha.


Assessoria, showroom, criatividade e eventos

A Companhia das Soluções construiu o seu posicionamento nas áreas de beleza, moda e lifestyle, e, hoje, acompanha marcas de todos esses setores. A assessoria mediática e o marketing de influência continuam a ser o coração da agência, juntamente com o showroom, que funciona como ponto de contacto estratégico para jornalistas, criadores e parceiros.

Com o tempo, surgiram novas necessidades. O mercado passou a exigir propostas criativas completas logo nos pitches e isso levou à criação de um departamento criativo dedicado. A empresa conta também com uma equipa de eventos e outra de digital, ambas integradas nas dinâmicas diárias das marcas.

A tecnologia tem sido determinante, sobretudo no marketing de influência. “Hoje, nenhuma decisão é tomada apenas por intuição. As plataformas digitais permitem analisar dados, escolher talentos com base em métricas reais e reportar resultados detalhados. O reverso da medalha é o peso crescente na estrutura, porque são necessárias mais pessoas para acompanhar toda essa evolução”.



Como é o quotidiano dentro de uma agência?

Quando a pergunta surge, Sónia escolhe uma palavra: “Caos”. Mas um caos que funciona. “Não há dois dias iguais. Os planos mudam, as urgências surgem, os e-mails acumulam-se. As equipas gerem múltiplos clientes, cada um com expectativas e ritmos diferentes. A sensação é de que o dia não chega para tudo”, confessa.

O showroom em Lisboa acrescenta mais vida ao escritório. Influenciadores entram, jornalistas saem, equipas de marca visitam o espaço. Há sempre alguém a chegar e alguém a partir. Esse ambiente cria, inevitavelmente, um certo nível de ansiedade, admite, mas também traz dinamismo e energia. “É isso que torna o trabalho tão estimulante”.

Há três momentos particularmente desafiantes ao longo do ano. Março e abril, quando começam as grandes campanhas. Setembro, a rentrée oficial do setor. E o final do ano, marcado por reports, balanços e planeamentos.



Liderar com proximidade e exemplo

Sónia Pereira descreve-se como “uma líder próxima e relacional”. Gosta de saber como as pessoas estão, de dar o exemplo, de fazer parte do dia-a-dia do trabalho. Não acredita em posições intocáveis. Se for preciso limpar o chão, limpa. Essa forma de estar ajuda-a a criar um ambiente de confiança e colaboração.

A vida pessoal nunca foi simples de conciliar com a profissional. Com três filhos e dois escritórios separados por 350 quilómetros, Sónia assumiu, desde cedo, que o apoio familiar seria fundamental. Conseguiu-o com a ajuda da mãe e do marido, que hoje desempenha funções financeiras na empresa. Trabalharem juntos acabou por ser positivo, porque permite que ambos compreendam a natureza imprevisível do negócio.

A quem queira empreender na área da comunicação, deixa um conselho franco. “Arrisquem. Nos dias de hoje, quem pensa demasiado, não avança, porque os entraves são muitos, desde recursos humanos a questões fiscais. O segredo está em medir riscos, estudar o mercado, mas não ficar preso ao detalhe”.


O futuro em transformação

O setor está em constante evolução. O papel dos meios mudou, os influenciadores cresceram mas enfrentam desafios de credibilidade, e a inteligência artificial levanta novas questões. Ainda assim, Sónia mantém uma visão otimista: “Acredito que a tecnologia vai facilitar processos, análises e tarefas repetitivas. Mas também acho que a criatividade e a sensibilidade humana são insubstituíveis. As agências que conseguirem unir estes três mundos serão as que vão prosperar”.

Quanto à Companhia das Soluções, não tem ambição de se tornar uma megaestrutura. O objetivo é outro: “Continuar a ser consistente, próxima dos clientes, capaz de entregar o melhor trabalho possível e de manter o selo de referência conquistado ao longo de duas décadas”.

Quando deixo o primeiro andar do número 9 da Avenida Fontes Pereira de Melo, o movimento mantém-se. Caixas novas chegaram entretanto, pessoas entraram, outras saíram. A equipa continua a arrumar, a preparar, a comunicar. 

Percebo, então, que esta é talvez a melhor imagem da Companhia das Soluções. Um lugar em permanente construção, onde a pressa convive com o cuidado, a criatividade com os dados e a estratégia com a relação humana. Um caos organizado, movido por pessoas. E, no centro, uma líder que nunca deixou de acreditar nelas.

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